O governo norte-americano faz um aporte de 295 mil dólares para a preservação e pesquisa do último navio a trazer africanos escravizados para o Brasil. O brigue, chamado de Camargo, foi incendiado pelo próprio capitão, que fugiu de volta para os Estados Unidos, e naufragou em Angra dos Reis, na Costa Verde. Os cerca de 500 africanos, de Moçambique, a maioria jovens de 12 a 18 anos, foram trazidos de forma ilegal, já que o transporte já era proibido por lei, e deixados em uma fazenda. Na região, foi formado o Quilombo Santa Rita do Bracuí.
O capitão do navio, Nathaniel Gordon, se disfarçou para voltar ao país de origem e, 10 anos depois, foi preso enquanto traficava escravizados, e condenado à morte, único caso de execução por esse tipo de tráfico nos Estados Unidos.
Desde então, os descendentes das pessoas escravizadas têm contado essa história, para que a memória não seja perdida. Só recentemente, foram encontrados vestígios do navio no local.
O aporte de recursos feito pelo Fundo dos Embaixadores dos Estados Unidos para Preservação Cultural tem duração de três anos, quando serão feitas mais pesquisas, preservação do navio, além de ações no quilombo, como treinamento de mergulho e de guias turísticos para os membros da comunidade.
Algumas das ações já foram iniciadas, como o treinamento de mergulho. O projeto será administrado pelo Instituto AfrOrigens, que também busca apoio das autoridades, como explica o presidente Luis Felipe Santos.
Essa é a 11ª vez que o Fundo dos Embaixadores faz aporte de recursos em sítios históricos brasileiros. Os anúncios foram feitos nesta terça-feira (10), no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, com a presença de jongueiros, que praticam o jongo, dança afro-brasileira, e de membros do Quilombo do Bracuí.