A família da ex-porta-bandeira da Portela, Vilma Nascimento, de 85 anos, afirma que vai à Justiça contra uma loja do Aeroporto de Brasília, após a baluarte do carnaval ser revistada durante uma abordagem de uma funcionária. O caso aconteceu na última terça-feira (21) em uma loja no terminal. Segundo a Dufry Brasil, a fiscal envolvida foi afastada. No dia anterior, Vilma havia recebido uma homenagem na Câmara dos Deputados, no feriado da Consciência Negra.
A filha da baluarte, Danielle Nascimento, compartilhou a situação nas redes sociais. Ela explica que foi ao Duty Free do aeroporto para comprar chocolates e que, na saída, foi abordada por uma fiscal, que pediu para revistar a bolsa de Vilma. Danielle conta que a mãe ficou incomodada com a atitude da funcionária
"A fiscal da loja me abordou me acusando de estar com o produto da loja que não foi pago. E eu paguei pelos dois que eu comprei. Quando eu estava a acompanhando, escutei alguém falando pelo rádio que era para revistar a bolsa da minha mãe. Aí minha mãe falou 'mas como assim? Eu não comprei nada'. Aí disse para ela fazer o que a fiscal estava pedindo, porque já estávamos constrangidas, tinham pessoas na loja. Estávamos com vergonha. E nesse momento, eu tive o 'insight' de filmar. "
No vídeo, a ex-porta-bandeira aparece tirando os itens da bolsa, acompanhada da fiscal da loja. A filha filmou toda a ação e nenhum produto do Duty Free foi encontrado na bagagem de Vilma. Danielle conta, ainda, que pediu para que chamassem a polícia, mas nenhum agente apareceu.
A família afirma que nenhum outro passageiro foi abordado e que os funcionários da loja não pediram desculpas pela acusação de furto nem pela revista.
Bastante abalada, Vilma Nascimento agradeceu o apoio que tem recebido:
"Vocês me desculpem, mas eu nunca passei por isso. Eu quero agradecer a todos pelo apoio, meus amigos, meus fãs... Sou negra, sim! Tenho orgulho de ser negra, tenho mesmo. Meu avô era escravo e minha avó era índia, então eu tenho orgulho da minha cor."
A Portela, escola pela qual Vilma se destacou, ficando conhecida como Cisne da Passarela, se solidarizou com a ex-porta-bandeira. Em nota, a escola repudiou o que classificou como "preconceito" e pediu que o caso seja apurado pelas autoridades.
Em nota, a Dufry Brasil lamentou o ocorrido e disse que a abordagem feita pela fiscal de segurança da loja está fora do padrão. O grupo também afirma que vai reforçar os procedimentos internos e treinamentos para impedir que a situação se repita.
Já a concessionária Inframerica, que administra o Aeroporto de Brasilía, disse que repudia qualquer tipo de ação discriminatória, dentro ou fora do terminal.