A família de uma criança com paralisia cerebral acusa uma diretora e duas professoras de uma creche escola em Ramos, na Zona Norte do Rio, de maus tratos. O juiz Paulo Roberto Sampaio Jangutta, titular da 41ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado no dia 30 de maio.
A diretora da Creche Escola Tempo de Construir, Danieli Alves Baptista Bonel, e as professoras Samantha Carla Alves Cavalcanti e Vitória Barros da Silva Rosa viraram rés no processo.
De acordo com os pais de Dante Louzada, de quatro anos, o menino permanecia sentado e contido na cadeira adaptada dele por cerca de cinco horas, até mesmo no momento da chamada "soneca" dos alunos.
Ainda segundo a denúncia, a criança não recebia água, alimentação ou higienização adequadas, ficando horas presa na cadeira na mesma posição, sem ser levada para atividades ao chão e sem interação com as outras crianças. As situações teriam acontecido em setembro do ano passado.
O pai de Dante, Rulian de Souza, disse que começou a desconfiar da situação quando o filho passou a chorar com frequência antes de ir para a escola e, pouco depois, também contraiu infecção urinária.
Rulian também conta que, quando procurou a polícia e teve acesso a câmeras de segurança, viu que o menino pedia atenção dos funcionários, mas era negligenciado.
A família fez um outro registro de ocorrência na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima contra a creche escola por maus-tratos a irmã de Dante que também era aluna da instituição. Além da alimentação e higienização inadequadas, os pais acusam uma outra funcionária de ter puxado o cabelo da menina. Outros responsáveis de alunos da unidade também estariam registrando denúncias de maus-tratos e agressão.
A Creche Escola Tempo de Construir nega todas acusações e disse que ainda não foi intimada sobre o processo. A instituição disse que quando for acionada apresentará a defesa com provas de que todos os alunos sempre foram bem acolhidos. A unidade também afirma que os fatos estão sendo distorcidos intencionalmente, sem provas.
Procuradas, tanto a diretora quanto as professoras afirmaram que as imagens recolhidas pela Polícia não configuram maus tratos, o que se explicaria pelo fato da creche permanecer funcionando.