
Após reclamações de atrasos e dois ofícios enviados pelo Hemorio, a Fundação Saúde autorizou o pagamento das horas-extras já cumpridas por funcionários que fizeram um mutirão para retestar todas as amostras de doadores de órgãos referente ao escândalo dos transplantes infectados com HIV. Os valores vão ser depositados em fevereiro.
Com a contaminação de seis pacientes, o Ministério da Saúde determinou que o instituto assumisse a realização dos testes de doadores no estado. Os exames retestados tinham sido anteriormente processados pelo PCS Lab Saleme. Dois testes de HIV emitidos pelo laboratório deram falsos negativos. O caso nunca tinha acontecido na história do Sistema Nacional de Transplantes.
O laboratório foi interditado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que identificou ao menos 39 irregularidades, como a falta de kits adequados para testes.
Pelo menos quatro técnicos de laboratório fizeram dois plantões de 24 horas cada durante o período, diante do aumento da demanda de serviço para dar apoio na realização de testes rápidos de HIV do Programa Estadual de Transplante.
O primeiro pedido de autorização do pagamento aconteceu no dia 24 de outubro. O ofício foi enviado pelo hemocentro à Diretora de Recursos Humanos da Fundação Saúde. De lá pra cá, o documento passou pelas Diretorias Administrativa Financeira, de Recursos Humanos, Técnico Assistencial e retornou ao setor de Recursos Humanos.
No dia 10 de janeiro, o Hemorio ratificou o pedido e disse que a autorização para os plantões-extra foram acordados verbalmente, "devido à urgência da situação", com a Secretaria de Saúde e depois referendada pela direção anterior da Fundação Saúde. Após o escândalo, a pasta trocou os diretores do órgão subordinado.
Segundo fontes da BandNews FM, os funcionários chegaram a reclamar oficialmente com a direção do Hemorio para a regularização do pagamento.
Após a revelação do caso, no dia 11 de outubro, o Hemorio começou os retestes. O Instituto chegou a divulgar que análises preliminares constataram que não havia mais nenhuma amostra de sangue de doador de órgãos infectada por HIV.
Em seguida, o hemocentro confirmou que os testes dos 286 doadores deram negativo. No entanto, 59 doadores precisaram passar por novos exames após o material armazenado não ser suficiente para a análise.
A primeira audiência de instrução e julgamento do caso está marcada para o dia 24 de fevereiro de 2025. A expectativa é de que comecem os depoimentos de testemunhas do Ministério Público e das defesas dos réus. Em seguida, os acusados serão interrogados. Seis pessoas chegaram a ser presas. Além dos sócios Walter Vieira e Matheus Sales Vieira, pai e filho, quatro funcionários tiveram mandados de prisão expedidos. Todos já respondem em liberdade.