Hospital Universitário Pedro Ernesto enfrenta problemas com enxoval hospitalar

Denúncias apontam que as roupas de cama, pijamas e camisolas são fornecidas com manchas de sangue, coloração suspeita e até marcas de pé

Por João Boueri

Hospital Universitário Pedro Ernesto enfrenta problemas com enxoval hospitalar
Hospital Pedro Ernesto
Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro estuda a aplicação de medidas administrativas contra a empresa que fornece roupas de cama, pijamas e camisolas hospitalares ao Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) e à Policlínica Piquet Carneiro. Uma das possibilidades analisadas é o encerramento do contrato com a Ecolav Serviços Técnicos de Lavandeira. 

Na terça-feira (21), o setor de Enfermagem do HUPE denunciou ao Departamento de Infraestrutura e Hotelaria que tem recebido roupas cirúrgicas e lençóis com manchas de sangue, coloração suspeita e até marcas de pé. O ofício foi enviado com o pedido de providências para regularizar o fornecimento da rouparia hospitalar.

O contrato com a Ecolav foi assinado por 24 meses e tem o valor total de mais de R$ 20 milhões. O fornecimento teve início no dia 25 de novembro de 2024. Menos de dois meses depois, as primeiras reclamações já começaram a aparecer. 

A Ecolav Serviços Técnicos de Lavanderia foi notificada duas vezes pela UERJ, desde que começou a apresentar falhas na prestação do serviço. A universidade deu até esta quarta-feira (22) para a empresa se adequar ao termo de referência e atender ao contrato.

A BandNews FM teve acesso a imagens de funcionários do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Uma das roupas cirúrgicas estava com manchas de sangue e outros itens fornecidos com coloração diferente.

No ofício obtido pela reportagem, a reclamação formal ainda destaca que o fornecimento de roupas de camas, pijamas e camisolas hospitalares é insuficiente, o que tem gerado problemas operacionais. O baixo número de peças impede a internação de pacientes sem a devida roupa de cama". O Hospital Universitário também enfrenta problemas com a liberação de leitos da Unidade de Terapia Intensiva, devido ao problema.

Um servidor do HUPE conversou com a reportagem da BandNews FM. Ele teve a identidade preservada e a voz distorcida. O funcionário afirma que as atividades podem ser paralisadas em decorrência do não fornecimento adequado das peças. 

Tem utilizado a própria roupa da UERJ, ao invés de alugar o enxoval conforme contratado, tem enviado roupa com detrimento de sangue, fezes e urina. O hospital vive verdadeiramente em cálculos, com risco de infecção hospitalar, paralisação das suas atividades.

O pregão eletrônico realizado no dia 26 de julho do ano passado foi vencido pela empresa Ecolav para prestar serviço de operação e controle de roupa hospitalar no Hospital Universitário Pedro Ernesto e locação de enxoval para a Policlínica Piquet Carneiro, que fica próximo ao HUPE, também na Zona Norte.

Antes da assinatura do contrato, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro chegou a manter nos últimos anos um contrato emergencial sem licitação com a empresa que ficou na segunda colocação. A São Geraldo Service entrou com recurso para impedir a assinatura do acordo ao alegar que a habilitação jurídica e técnica da Ecolav apresentava graves inconsistências, o que não foi aceito pela UERJ. 

A antiga empresa também entrou com representação no Tribunal de Contas do Estado, que deu prosseguimento ao processo de licitação e não aceitou o pedido. 

O problema preocupa os funcionários do Hospital Pedro Ernesto, que detém mais de 500 leitos de internação e uma estimativa mensal de 1.536 internações, 2.000 cirurgias, 54.315 atendimentos ambulatoriais, 1.000 procedimentos cirúrgicos ambulatoriais, 10.000 exames radiológicos, entre outros.

Já a Policlínica Piquet Carneiro conta com uma estimativa média mensal de 13.492 consultas ambulatoriais, 120 procedimentos cirúrgicos ambulatoriais e outros exames.

O HUPE estima que o histórico de consumo de roupas de cama, pijamas e camisolas hospitalares teve um aumento de 29% entre o primeiro trimestre de 2022 e o último trimestre de 2023.

A lavanderia do hospital foi desativada há aproximadamente 23 anos. Segundo um relatório da própria UERJ, o alto custo com a manutenção dos equipamentos tornaram inviável a execução autonomia do serviço de rouparia e lavanderia. 

Em 2020, a Ecolav chegou a ter contrato com o Instituto Nacional de Câncer pela prestação de serviço de processamento de roupas de serviços de saúde em unidade externa com locação de enxoval para Unidades do INCA. O contrato foi rescindido de forma unilateral pelo Instituto três anos depois por "não cumprimento ou cumprimento irregular de cláusulas contratuais, atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;" entre outros motivos. 

Pelo menos duas multas foram aplicadas contra a empresa no ano passado, depois do encerramento do contrato. Somadas, as penalidades chegam a R$ 90 mil.

A BandNews FM aguarda posicionamento do Ministério Público, do INCA e da Ecolav Serviços Técnicos de Lavanderia.

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