
O incêndio que atingiu um galpão onde eram confeccionadas fantasias e outras vestimentas não é o primeiro a ser registrado no Carnaval do Rio. Desde a década de 1990, escolas de samba já sofreram episódios semelhantes em pelo menos outras quatro ocasiões.
Em dezembro de 1992, o barracão da Acadêmicos da Salgueiro, então próximo à Rodoviária do Rio, foi afetado. Na ocasião, em apenas 20 minutos, as chamas destruíram mais de mil fantasias prontas da escola-mirim e figurinos dos carros alegóricos e da comissão de frente.
Oito anos depois, faltando apenas um mês para o início da folia, no mês de janeiro, foi a vez da União da Ilha perder todas as alegorias em um incêndio no barracão da agremiação, na Avenida Venezuela, no Centro.
Já em agosto de 2001, um incêndio consumiu mais de 30 máquinas de costura industriais e materiais que seriam usados no desfile da Imperatriz Leopoldinense. Na ocasião, também foram atingidos os barracões da Viradouro e da Beija-Flor.
Dez anos depois, o Carnaval do Rio registrou o maior incêndio da história da área, quando o fogo destruiu diversos barracões na Cidade do Samba, no início de fevereiro de 2011. A Grande Rio perdeu praticamente todo material que usaria no desfile daquele ano, com um prejuízo estimado em R$ 10 milhões. A União da Ilha teve 2 mil fantasias destruídas.
Já a Portela perdeu mais de 2 mil fantasias e até mesmo a sede da Liga Independente da Escolas de Samba também foi afetada. A entidade, decidiu então, que as escolas não seriam julgadas no cortejo. Em meio a tragédia, as outras agremiações se mobilizaram ajudando com funcionários, ferreiros e costureiros.
O especialista e comentarista de Carnaval Bruno Filippo afirma que os episódios refletem um despreparo por parte das escolas.
Além de incêndios, o Carnaval carioca também já foi marcado por acidentes ao longo dos anos. Em 222, Raquel Antunes, de 11 anos, foi imprensada por um carro abre-alas da escola Em Cima da Hora contra um poste na dispersão da Sapucaí durante os primeiro dia de desfiles da Série Ouro. A garota, que chegou a ter uma perna amputada, não resistiu aos ferimentos.
Em 2017, um dos carros alegóricos da Paraíso do Tuiuti perdeu o controle e prensou 20 pessoas contra uma grade do setor 1, que separa a pista da arquibancada do Sambódromo. O caso ocorreu no momento em que o veículo realizava uma curva. A radialista Elizabeth Ferreira Jofre, de 55 anos, morreu dois meses depois do episódio.
No último Carnaval antes da pandemia, em 2020, uma alegoria da Acadêmicos da Santa Cruz atingiu parte de uma estrutura enquanto tentava entrar no Sambódromo, mas ninguém ficou ferido. No ano anterior um homem que atuava como empurrador foi prensado entre duas partes de um carro da Portela, na dispersão.
O historiador Rodrigo Rainha faz um paralelo entre os casos e o início amador da festa no passado.
Em 2003, a atriz Neuza Borges caiu de um carro alegórico da Unidos da Tijuca. A artista acabou tendo que passar por cirurgia na bacia. Em 1992, o Sambódromo registrou aquele que é considerado o maior incêndio da Sapucaí, quando um carro alegórico da Viradouro pegou fogo pouco antes do final do desfile. Destaque na alegoria, a atriz Leila Amorim se jogou e foi amparada por membros da agremiação.
Em janeiro do ano passado, chuvas intensas impactaram a folia carioca. A escola de samba União Parque Acari, que era estreante da Série Ouro, foi prejudicada pelas tempestades e perdeu cerca de 700 itens há menos de um mês para o Carnaval. A quadra da agremiação, onde ficava as fantasias da escola, foi inundada e 60% dos figurinos foram perdidos.