A inflação acelera e fica em 0,26% em setembro. O resultado é 0,03 ponto porcentual acima da taxa de agosto e foi impactado, principalmente, pelos preços dos combustíveis e das passagens aéreas. No mesmo período do ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia sido de -0,29%.
Mesmo com aceleração, o índice veio levemente abaixo do valor projetado pelo mercado financeiro, que estimava, em média, 0,34% no mês. Dessa forma, o IPCA acumula alta de 3,50% no ano. O índice atingiu 5,19% em doze meses.
Seis dos nove grupos pesquisados registraram alta em setembro. O maior impacto positivo e a maior variação (1,40%) vieram de Transportes, seguido por Habitação.
Principais fatores, os itens com maior volatilidade registraram aceleração. O subgrupo combustíveis acelerou 2,70%. Só a gasolina, que acelerou 2,8%, contribuiu 0,14% para o índice geral. Ainda em Transportes, as passagens aéreas, que tiveram deflação no mês anterior, registraram aceleração de 13,47%.
Um dos fatores para a composição dos preços das passagens é o querosene de aviação (QAV), considerado o principal combustível utilizado pelas companhias aéreas. No início de setembro, a Petrobras elevou o preço médio do combustível vendido às distribuidoras, a terceira alta mensal consecutiva. As companhias justificam os altos valores pelo excesso de judicialização.
A estudante Manuela Cardoso conta que o valor da passagem foi o que mais pesou durante uma viagem a Bariloche, na Argentina.
Eu fui viajar para Bariloche no mês passado e os preços estavam surreais. Apenas na passagem, gastei o triplo do que com hotel, refeição e passeio, afirma.
A colunista da BandNews FM, Juliana Rosa, afirma que o cenário é positivo.
A gente vê que a inflação está vindo melhor que o previsto. A notícia é boa, ajuda a perspectiva de corte de juros. Por outro lado a gente tem ainda incertezas tanto em relação ao petróleo, que hoje está em queda e ainda não recuperou. Além disso, há os Estados Unidos que também têm colocado pressão em alta de juros, fazendo com que o dólar suba, pondera.
A expectativa para o corte de juros, com o resultado, é defendida pelos analistas do mercado financeiro. Nesta segunda-feira (9), em um seminário da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu o ciclo de corte de juros, mesmo em meio a um cenário desafiador internacionalmente.
O mercado financeiro acredita que os efeitos da guerra entre Israel e o grupo extremista palestino Hamas podem chegar ao Brasil no curto prazo, mas iriam se atenuar no caso de envolvimento do Irã no conflito, por conta das commodities.
Outro ponto de destaque no IPCA foi o chamado índice de difusão — que mede o porcentual de itens com aumento de preço —, passou de 53% em agosto para 43% em setembro, o mais baixo desde julho de 2017, quando foi de 42%.
Alimentos e bebidas
O grupo de Alimentos e bebidas teve o maior peso na inflação de setembro, de 21,1%, com uma queda mensal mais acentuada que a registrada no mesmo período em 2022. Essa é a quarta deflação seguida registrada pelo segmento. De acordo com o IBGE, destacam-se as quedas da batata-inglesa, da cebola, do ovo de galinha, do leite longa vida e das carnes. Já o arroz e o tomate tiveram aumento nos preços.
Por sua vez, a alimentação fora do domicílio desacelerou frente ao mês anterior. As altas da refeição e do lanche foram menos intensas do que as observadas em agosto.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - referência para o cálculo do salário mínimo - teve alta de 0,11% em agosto, acima da variação do mês anterior (0,20%).
No ano, o INPC acumula alta de 2,91% e, nos últimos 12 meses, de 4,51%, acima dos 4,06% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2022, a taxa foi de -0,32%.