Inflação desacelera e atinge 0,16% com menor taxa para janeiro desde 1994

População brasileira ainda sofre com preços dos alimentos e das passagens aéreas e de ônibus

Por Gabriela Morgado

Inflação desacelera e atinge 0,16% com menor taxa para janeiro desde 1994
A alimentação no domicílio subiu 1,07%
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Apesar das altas dos preços de passagens e alimentos, a inflação no Brasil desacelera e atinge 0,16%, o menor valor para um mês de janeiro, desde a implantação do Plano Real em 1994. Segundo o IBGE, o resultado é consequência da queda nas contas de energia. A variação foi 26 pontos porcentuais abaixo da de dezembro do ano passado, de 0,42%.

O setor de Habitação teve desaceleração de 3,08%. O recuo da energia elétrica foi de 14,21%, o menor desde fevereiro de 2013, por causa do Bônus de Itaipu, crédito dado em janeiro a mais de 78 milhões de residências, aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). 

O bônus de comercialização da parte brasileira da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional foi direcionado a consumidores residenciais e rurais relativo aos meses em que o consumo foi inferior a 350 quilowatts-hora (kWh) em 2023.

Por outro lado, o especialista em Direito Tributário e diretor da Mix Fiscal, Fabrício Tonegutti, explica que o recuo não deve se manter.

Podemos dizer que a energia elétrica pode voltar a subir nos próximos meses, já que não vai haver mais bônus pelo governo. O que a gente notou é que a energia elétrica vem subindo e ela sobe sempre acompanhada da própria inflação geral. Quase que ela é retroalimentada. Então inflação de alimentos, a inflação de aluguel, a inflação de transporte, isso acaba interferindo e impactando na inflação da energia elétrica. O que acaba fazendo subir ou não esses preços são os fatores das revisões tarifárias. Existem reajustes dos componentes do custo da geração da energia elétrica e as próprias decisões da agência reguladora. Então com a ausência do bônus, retoma-se a vida normal. Isso significa que devemos esperar aumentos sim da energia elétrica, ainda que de uma forma moderada. 

Apesar disso, há uma alta acumulada da inflação de 4,56% nos últimos doze meses, acima da meta de 3% definida para 2025 pelo Conselho Monetário Nacional. O índice é puxado, principalmente pela alimentação. Em janeiro, o setor de Alimentação e bebidas teve crescimento de 0,96%, registrando o quinto aumento consecutivo.

A alimentação no domicílio subiu 1,07% e foi influenciada pelas altas da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%). 

O gerente da pesquisa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo do IBGE, Fernando Gonçalves, explica que houve queda na produção.

Agora, em janeiro, começou a chover em alguns lugares. Algumas culturas tiveram algum tipo de melhoria por conta dessas chuvas, e outras foram mais afetadas. O caso do tomate é uma questão de fim de safra. Então, a gente começa a ter uma redução de oferta. A cenoura também teve uma redução de oferta. Às vezes, os produtores, por ter um prejuízo em algum tipo de cultura, reduzem as produções nas próximas plantações.

Apesar disso, o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados, Felipe Queiroz, afirma que deve haver desacelerar dos alimentos nos próximos meses.

O grupo de alimentos ainda tem uma pressão inflacionária forte, marcada pelos fatores climáticos, marcada pelo câmbio, pela conjuntura de produção e de colheita. Porém, a nossa expectativa é que haja uma desaceleração nos próximos meses, motivada, inclusive, pelo câmbio mais favorável.

A professora Claudia Dias conta que o jeito é procurar promoções.

Ano passado eu comprava maçã, por exemplo, a mais ou menos nove reais. De janeiro para cá, ela está praticamente 20. Chuchu encareceu muito. E o tomate, eu costumava comprar um saco, de mais ou menos 600 gramas, e pagava em torno de uns cinco reais. Agora na feira, que sempre costuma ser mais barato, está já a sete {reais}. E tudo está muito caro, então eu procuro as promoções.

O setor de Transportes também teve alta em janeiro (1,3%), consequência, principalmente, do aumento nas passagens aéreas, de mais de 10%, e de ônibus urbanos, de 3,84%, em várias cidades. Nas capitais Belo Horizonte e Rio de Janeiro, o reajuste dos coletivos chegou a quase 10%.

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