Investigação revela que Bonde do Zinho faz uso de sistema de dados pessoais

Segundo o Ministério Público, os criminosos investigavam a vida de futuros alvos de homicídios

João Boueri*

Os milicianos recebem também informações privilegiadas de agentes das forças de segurança Reto Scheiwiller/Pixabay
Os milicianos recebem também informações privilegiadas de agentes das forças de segurança
Reto Scheiwiller/Pixabay

A milícia chefiada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, utiliza um sistema privado de dados pessoais de brasileiros que registra informações como CPF, documentos, endereço, telefones, vínculos empregatícios, entre outros. Segundo o Ministério Público, os criminosos investigavam a vida de futuros alvos de homicídios. 

Além disso, o grupo paramilitar recebe também informações privilegiadas de agentes das forças de segurança do Estado que atuam no sistema carcerário. 

Em um dos exemplos citados na investigação do MP, uma fotografia do rosto de um criminoso rival foi extraída do sistema oficial de banco de dados da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, que pode ser acessada por policiais militares, civis ou penais. 

O Ministério Público também aponta que milicianos que estão sob custódia nos presídios continuam com atuação na organização criminosa, gerenciando redes de informantes, aquisição de armas de fogo, dados de possíveis alvos e até determinando a execução deles. O trabalho sem interferência de agentes penais indica um esquema de corrupção ativa, segundo os promotores de justiça. 

O recrutamento de policiais dispostos a cooperar com informações internas também é feito pela milícia de Zinho. Entre os responsáveis por essa função está uma pessoa identificada apenas pelo apelido ''Filet com Fritas''. 

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O grupo também contava com milicianos que eram responsáveis por passar informações sobre unidades das Polícias Civil e Militar que poderiam estar atuando a favor do grupo rival, chefiado por Tandera. As mensagens trocadas pelos criminosos citam pelo menos dois delegados, seis delegacias, três batalhões de Polícia Militar e dois políticos.

Em nota, a Polícia Civil disse que nos últimos dois anos prendeu mais de 1.200 milicianos dando prejuízo de cerca de R$ 2,5 bilhões para as milícias. 

A PM disse que todas as denúncias envolvendo policiais militares são devidamente apuradas quando chegam ao conhecimento da Corregedoria Geral da Corporação. A corporação lembra que a 8ª DPJM, unidade especializada da CGPM, foi criada pelo Comando da PM justamente para conduzir inquéritos relacionados a narcomilícias, reforçando o apoio a outras instituições, entre as quais o Ministério Público e a Polícia Civil.

A Secretaria de Administração Penitenciária se limitou a dizer que apoia e colabora com o Ministério Público, sempre que solicitada.

*Estagiário sob supervisão de Luanna Bernardes

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