
Investigações apontam que o criminoso Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, tentava dar um aspecto de legalidade ao resort de luxo utilizado pelo traficante no autodenominado Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio. O imóvel luxuoso, que conta com um lago artificial, foi descoberto em outubro do ano passado.
O processo de demolição do espaço foi iniciado nesta terça-feira (11), após trabalhos de investigações e perícia. A ação contou com escavadeiras e outros maquinários.
Segundo o delegado titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, delegado Moysés Santana, as informações coletadas durante a apuração mostraram que o local era utilizado para reuniões dos criminosos do Terceiro Comando Puro e para festas e fins recreativos da família de Peixão.
O imóvel foi construído em área de preservação ambiental, com vasto corte de vegetação nativa e alteração do curso d'água. A mansão teria sido construída com dinheiro ilícito.
Ainda de acordo com o delegado Moysés Santana, o traficante chegou a utilizar faixas em alusão ao Governo do Estado e nomes de políticos como uma estratégia de indicar que o resort era legalizado. Parlamentares chegaram a procurar a delegacia para relatar o caso.
As polícias Civil e Militar realizam operação no conjunto de favelas. Durante a ação, policiais militares derrubaram estruturas com a Estrela de Davi, símbolo utilizado pelo grupo criminoso comandado por Peixão. Uma das estruturas estava no alto de uma torre e podia ser vista na Avenida Brasil.
Durante a manhã, motoristas que passavam pela via se assustaram com um tiroteio e tiverem que se proteger nas muretas. Não há informações de feridos.
O transporte público foi afetado. Houve interrupção dos serviços no BRT e alteração na circulação de ônibus e trens que cortam a região.
A operação conta com policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), responsável pelas investigações; Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA); Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE); além de policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE).
Até o momento, três pessoas foram presas, sendo um foragido da Justiça e outros dois em flagrante. No conjunto de favelas, os policiais descobriram um prédio em que funcionava uma academia de ginástica com equipamentos modernos de musculação. Todos os aparelhos foram apreendidos e levados para integrar a academia de policiais civis na Cidade da Polícia.
A Polícia Civil também desarticulou um provedor clandestino de Internet durante a operação. De acordo com a instituição, Peixão arrecadava lucros milionários e utilizava o dinheiro para financiar o tráfico de drogas.
Apontado como um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, Álvaro Malaquias Santa Rosa é investigado pela Polícia Federal por terrorismo. O criminoso pode se tornar o primeiro traficante a ser indiciado no Brasil por esse tipo de crime.
O traficante teve a primeira anotação criminal em 2015. Hoje, são pelo menos 50 registros em sua folha, com cerca de 20 mandados de prisão por crimes como tráfico, homicídio, tortura, assaltos e ocultação de cadáver.
O criminoso é acusado de promover terror social, utilizando o domínio dele para impor a própria religião, perseguindo e atacando quem segue e pratica outras religiões.