Julgamento dos PRFs acusados da morte de menina em abordagem no RJ deve terminar nesta sexta

Eles são acusados de atirarem contra o carro em que estava a criança, que acabou baleada na nuca

Por João Boueri

Julgamento dos PRFs acusados da morte de menina em abordagem no RJ deve terminar nesta sexta
Heloísa foi atingida no Arco Metropolitano quando estava dentro do carro do pai
Reprodução/ Redes Sociais

Deve terminar nesta sexta-feira (13) a audiência dos policiais rodoviários federais acusados da morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, durante uma ação da PRF no Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense. O caso aconteceu em setembro do ano passado.

A previsão é de que Wesley Santos da Silva, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Fabiano Menacho Ferreira sejam ouvidos hoje. Eles são acusados de atirarem contra o carro em que estava a criança, que acabou baleada na nuca. A menina estava no veículo com outras quatro pessoas da família. Eles voltavam de um passeio quando foram perseguidos no trecho de Seropédica.

A audiência começou na terça-feira (10) e continuou no dia seguinte. Após uma pausa já prevista na quinta-feira (12), as testemunhas voltam a ser ouvidas nesta sexta-feira (13).  

Os médicos responsáveis pelo atendimento da criança, os familiares que estavam no veículo e o homem que filmou parte da ação policial foram ouvidos no primeiro dia. Em seguida, os policiais que acessaram à UTI onde estava a pequena Heloisa foram ouvidos.  

A menina chegou a ficar internada por 9 dias no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, na mesma região, mas não resistiu.

Os agentes são réus por homicídio consumado, por quatro tentativas de homicídio e fraude processual. Atualmente, eles cumprem medidas cautelares. Eles usam tornozeleira eletrônica e não podem se aproximar das vítimas. Além disso, os policiais seguem afastados das ruas e estão cumprindo funções administrativas.  

Na denúncia, o Ministério Público Federal contestou o argumento dos agentes de que a perseguição teria sido motivada pela informação de que o veículo que a família da menina estava era roubado. O carro passou por três proprietários até ser comprado pelo pai da criança. O registro de roubo é de agosto de 2022 e os familiares não sabiam dessa informação. No momento da compra, não havia restrição ao veículo nos registros do Detran.

O MPF também investiga o acesso de policiais rodoviários federais à Unidade de Terapia Intensiva onde Heloisa estava ainda nos primeiros dias de internação. Vinte e oito agentes estiveram no hospital na noite do ocorrido, o que pode demonstrar uso indevido de força em uma tentativa de intimidação. A investigação da Polícia Rodoviária Federal sobre esse episódio tramita sob sigilo.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam a responsabilidade pelo disparo que matou a criança. O MPF também questionou a perícia da Polícia Civil no carro da família, como a existência de mais buracos de perfuração do que apontado, além do fato de apenas um perito assinar o laudo, quando geralmente são dois profissionais que realizam a tarefa.

Outras duas questões chamam a atenção do procurador da República responsável pela investigação do MPF: A utilização de fuzis no momento do disparo e não pistolas. Os policiais tinham os dois tipos de armamento na viatura. A distância entre o carro da PRF e o da família da vítima era de até 20 metros. Além disso, o órgão federal também destaca que não houve abordagem ao motorista do carro antes dos disparos e que os policiais não dispararam contra o pneu do veículo para que ele parasse.)

Após a fase de audiências, a expectativa do MPF é de que os réus sejam levados a júri popular. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam a responsabilidade pelo disparo que matou a criança.

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