Lago do Bosque da Barra da Tijuca só deve voltar ao nível inicial com chuvas, diz ambientalista

O lago secou durante intervenções da concessionária Iguá no local; empresa chegou a bombear 200 mil litros de água no lago

Por Gabriela Marino

Lago do Bosque da Barra da Tijuca só deve voltar ao nível inicial com chuvas, diz ambientalista
Foto mostra como ficou lago após bombeamento da Iguá
Reprodução

Apesar do bombeamento de 200 mil litros de água da concessionária Iguá para o principal lago do Bosque da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, apenas a recarga de água da chuva deve garantir que o lago volte a ao nível inicial. A avaliação é do ambientalista e membro do conselho do parque municipal, Emanuel Alencar. O lago secou durante intervenções da empresa no local.

Segundo Emanuel, o aporte da Iguá precisa ser feito com muito critério, já que a água colocada no local tem cloro. No entanto, ele ressalta que a medida junto com as chuvas evita a mortandade dos animais que vivem no espaço.



É importante destacar que esse aporte de água no lago principal do Bosque da Barra com 11 hectares tem que ser feito com muito critério, porque é uma água com cloro, é uma água diferente dos padrões da água que tinha o lago, então não é assim, já vai voltando água e resolve o problema. Reforço aqui que apenas com recarga da água de chuva o lago vai voltar ao seu nível inicial, aquele nível de meio metro a um metro de profundidade, aí sim garantindo a vida todos os tipos de espécies de plantas e peixes, anfíbios, comentou Emanuel.

O professor Marcelo Sperli da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio, disse que 200 mil litros de água é insuficiente.
 


O que nós podemos dizer é que esse volume de 200 mil metros cúbicos equivale praticamente a 200 caixas d'água de mil litros, o que aparentemente é bastante insuficiente. Diria que pelo menos entre 400 e 500 mil litros seria o ideal. E mesmo diante dessa recomposição, dessa água nas lagoas, é importante saber se realmente o lençol freático foi afetado, porque não basta apenas jogar água, é como se tivéssemos colocando água dentro de uma piscina que tem um ralo aberto, disse o professor.

O caso foi denunciado pela reportagem da BandNews FM. Outros lagos do parque sofreram redução do nível da água.

A Iguá realiza obras na Estação de Tratamento de Esgoto do bairro e realizou o rebaixamento do lençol freático, o que, segundo o Instituto Estadual do Ambinente, não foi autorizado.

Na a última quinta-feira, o Ministério Público do Rio solicitou que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a Fundação Rio Águas, o Inea, o Ibama e a Polícia Militar realizem vistoria no local, com o objetivo de verificar a situação atual do espaço.

As entidades devem apresentar, em um prazo de 10 dias, um relatório fotográfico e documentos com as medidas adotadas por cada uma delas.

Em nota, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informa que foi oficiado pelo MPRJ e que a demanda está sendo analisada pela área técnica e vai ser respondida dentro do prazo estabelecido. Já a Secretaria de Meio Ambiente e Clima disse que tomou conhecimento do ofício, que tembém vai responder via inquérito, dentro do prazo, até o dia 28/10.

A Polícia Militar informou que a Corporação, através do Comando de Polícia Ambiental (CPAm), está à disposição dos órgãos responsáveis para apoiar futuras ações.

Procurados, a Iguá e o Ibama ainda não se manifestaram sobre o assunto.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais