A Light entra com um pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial da Capital do Rio, citando uma dívida de R$ 11 bilhões. Em comunicado ao mercado, a empresa disse que os desafios da situação econômico-financeira vêm se agravando, o que demandou a tomada "urgente" de outras medidas para preservar a manutenção dos serviços prestados.
A legislação não permite que as concessionárias de serviço público entrem em recuperação. Para a elétrica, a saída encontrada foi que o pedido fosse capitaneado pela Light S.A., a holding que controla as empresas de distribuição e de geração de energia.
Em nota, a empresa disse que o pedido de recuperação da holding não vai acarretar nenhum impacto nos serviços prestados à população do Rio. Uma das subsidiárias do grupo é responsável pela distribuição de energia em mais de 30 municípios do estado.
Resultados financeiros
Nesta quinta-feira (11), a Light Serviços de Eletricidade S.A. divulgou os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2023. Apesar das dificuldades, no período, a empresa registou lucro líquido de R$ 107,1 milhões. O valor corresponde a uma melhora de R$ 213,2 ante a mesma série no ano passado, quando a empresa listou déficit de R$ 106 milhões.
Para atingir a melhora no primeiro triênio de 2023, a companhia disse ter concentrado esforços no combate às perdas. Para isso, reduziu ganhos de médio e longo prazo e priorizou aqueles com maior geração de caixa no curto prazo.
"Essa abordagem está inserida no contexto de estabilização financeira promovida pela atual gestão", diz a empresa.
A Light cita que a maior parte do prejuízo do ano passado ocorreu por causa da devolução aos consumidores de todos os créditos de PIS/Cofins. A medida representou uma queima de caixa de R$ 292,4 milhões no primeiro trimestre deste ano.
A empresa distribuiu aproximadamente R$ 163,1 milhões de créditos do imposto no período.
Furto de Energia
Outra causa do resultado deficitário em 2022 foi o furto de energia, que apresentou aumento no primeiro trimestre de 2023, em relação ao mesmo período do ano passado.
As chamadas perdas não-técnicas, ou "gatos", tiveram aumento de 1,2 pontos porcentuais.
Crise financeira
A Light ainda enfrenta uma crise financeira. Fora o endividamento, a companhia ainda tem dificuldade para reduzir as perdas não-técnicas, fruto de um problema histórico nas áreas de concessão, no Rio de Janeiro.
Seu contrato de concessão vence em 2026 e pode não ser renovado pelo Ministério de Minas e Energia.