O bairro de Madureira, na Zona Norte do Rio, está entre as dez áreas com mais conflitos entre criminosos na Região Metropolitana do estado há pelo menos oito anos. O dado faz parte do estudo Grande Rio sob Disputa: Mapeamento dos Confrontos por Território, elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF e pelo Instituto Fogo Cruzado.
Na sexta-feira (30), quatro pessoas morreram e outras cinco foram baleadas durante um ataque a tiros a um bar na Favela da Congonha. Segundo testemunhas, criminosos atiraram de dentro de um carro ao passar pelo local. A suspeita é a de que o ataque tenha relação com a disputa territorial entre facções rivais.
Duas vítimas seguem internadas no Hospital Estadual Getúlio Vargas, uma delas em estado grave. A Delegacia de Homicídios da Capital investiga para identificar os envolvidos e a motivação do ataque.
Moradores da região realizaram um protesto nesta segunda-feira (2) na Avenida Edgar Romero. De acordo com a Polícia Militar, um motociclista atacou os agentes com fogos de artifício e fugiu para o interior da Favela do Congonha.
O professor de sociologia e coordenador do estudo, Daniel Hirata, ressalta que os confrontos entre grupos armados têm contado com novas estratégias, como a pistolagem, que são as ações rápidas de execução.
Essa área de Madureira, desde 2017 ao menos, tem se mostrado altamente conflitiva. Isso porque ali nós temos conflitos frequentes, regulares e intensos, essas são as nossas categorias analíticas. Também é importante estar atento ao fato de que nós temos novas estratégias do conflito entre grupos armados, que sempre se caracterizaram tradicionalmente pela utilização dos chamados bondes, grupos que se reuniam para defender ou atacar outros territórios. Mas agora nós testemunhamos essas ações de tipo pistolagem, que é preocupante. As autoridades devem estar atentas a essa nova modalidade de conflito também.
A Favela do Congonha, palco do ataque da última sexta, é dominada por traficantes do Comando Vermelho, enquanto no Complexo da Serrinha, o domínio é da facção Terceiro Comando Puro. A distância entre as duas comunidades é de apenas cerca de um quilômetro e meio.
Em abril do ano passado, uma menina de 9 anos morreu ao ficar em meio a um confronto entre traficantes enquanto voltava da escola, no Morro do Cajueiro, em Madureira. Um entregador de gás de 19 anos também morreu atingido por bala perdida.
De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, 25 tiroteios foram registrados em Madureira em 2024.