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Mais de 1 milhão de cariocas moram em regiões sem salas de cinema

Conclusão é de um levantamento realizado com base em dados da Agência Nacional do Cinema, do IBGE e do Instituto Pereira Passos

Pedro Dobal

Segundo o levantamento, regiões como Guaratiba e Santa Cruz não contam com cinemas
Segundo o levantamento, regiões como Guaratiba e Santa Cruz não contam com cinemas
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mais de 1 milhão de cariocas moram em regiões de planejamento com nenhuma sala de cinema. A conclusão é de um levantamento realizado com base em dados da Agência Nacional do Cinema, do IBGE e do Instituto Pereira Passos.

Os registros da Ancine apontam que as regiões administrativas de Guaratiba e de Santa Cruz, na Zona Oeste, e de Ramos e da Penha, na Zona Norte do Rio, não contam com espaços do tipo.

Enquanto isso, as regiões da Barra da Tijuca e da Zona Sul têm as maiores concentrações de salas de cinema. Na Barra, são cerca de 364 assentos para cada 10 mil habitantes. Na Zona Sul, são 142. Bairros como Jacarepaguá, Bangu, Pavuna, Ilha do Governador e Campo Grande têm menos de 50 assentos por 10 mil habitantes.

Moradora de Honório Gurgel, na Zona Norte, a arquiteta Thayza Monteiro acredita que a migração dos cinemas para os shoppings se deu pela falta de segurança pública.

O geógrafo Hugo Costa, que mora em Ramos, afirma que o problema é reflexo de uma questão mais ampla: a má distribuição dos espaços de lazer na cidade.

Na avaliação do analista de programação audiovisual e ex-programador do Cine Joia Raphael Camacho, iniciativas do poder público são fundamentais para reverter o quadro de desigualdade.

Em meio à falta de opções, moradores se mobilizam para tentar preservar os cinemas de rua que ainda restam. É o caso do Cine Guaraci, em Rocha Miranda, que foi inaugurado em 1954 e está abandonado há mais de três décadas. O estudante de cinema Alexandre Veiga, que faz parte do Movimento Cine Guaraci Vive, destaca que o espaço poderia funcionar como incentivo para a economia local.

Em nota, a RioFilme disse que estuda alternativas para democratizar o acesso às salas de cinema pelas populações vulneráveis, por meio da ampliação do circuito CineCarioca. Segundo o órgão, uma nova sala de cinema deve ser implantada na Zona Norte ou Oeste da cidade.

O CineCarioca Nova Brasília, que fica no Complexo do Alemão, foi reaberto em outubro do ano passado. Em cinco meses de funcionamento, mais de 15 mil pessoas foram atendidas.