Miliciano Zinho confirma ligação da deputada Lucinha com grupo criminoso

Investigações apontam que parlamentar era chamada de madrinha pelos milicianos

Por Marcus Sadok

Miliciano Zinho confirma ligação da deputada Lucinha com grupo criminoso
Lucinha é investigada por envolvimento com a Milícia
Reprodução/Alerj

O miliciano Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, confirma em depoimento que a interlocutora flagrada em mensagens articulando políticamente em nome da quadrilha, é a deputada estadual Lucinha. Segundo as investigações, ela era chamada de madrinha pelos milicianos.

A Band teve acesso à denúncia do Procurador-geral de Justiça do Rio, Luciano Mattos, contra a parlamentar, no mesmo dia em que o Conselho de Ética da Câmara arquivou o processo contra ela. O PGJ pediu ainda um novo afastamento da parlamentar do cargo de deputada estadual.

Zinho, que confirmou a identidade da política, é apontado como chefe do maior grupo paramilitar do Rio. Ele se entregou à Polícia Federal no fim do ano passado.

No documento da PGR, o procurador afirma que havia um monitoramento de autoridades que iriam à Zona Oeste do Rio para que a milícia fosse retirada das ruas.

Segundo o MP, Lucinha também articulou para que um projeto em relação ao transporte alternativo continuasse favorecendo a milícia.Em 2017, uma portaria permitiu que motoristas pudessem alterar seu itinerário sem pagamento de multa enquanto um estudo sobre o tema fosse realizado. Mensagens entre a parlamentar e um miliciano apontam que essa brecha permitia o aumento do faturamento do grupo.

Na denúncia, o MP também afirma que a deputada atuou diretamente para que dois milicianos da quadrilha presos em flagrante fossem soltos de um batalhão da PM, o que de fato aconteceu. Depois, a parlamentar afirmou ao criminoso "fiz minha parte, apaga tudo da conversa ai".

O MP também aponta que Lucinha atuou para mudar comandantes de batalhão que investigavam a milícia.

Ainda segundo o Procurador-Geral de Justiça, a parlamentar participou de encontros presenciais, na própria Assembleia Legislativa do Rio, com milicianos. Um deles ganhou até um crachá para entrar na sede do executivo estadual.

O MP também destaca que no dia da morte de uma policial militar que investigava a milicia, Lucinha foi flagrada conversando com o miliciano sobre o caso e afirmando que não era a quadrilha a responsável pela morte e sim outro bando de Nilópolis, na Baixada Fluminense.

A defesa da parlamentar nega as acusações.

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