Milicianos e empresários acusados de lavar mais de R$ 100 milhões usaram até açougues para tentar esconder o dinheiro da Polícia Civil. Eles atuam na Muzema, Zona Oeste do Rio, um dos redutos de paramilitares que têm nas construções irregulares uma das principais fontes de lucro.
A rede de laranjas foi alvo da segunda fase da Operação Caixa de Areia 2, realizada pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro, nesta quinta-feira (28). Em Nova Friburgo, na Região Serrana, os agentes encontraram uma mansão luxuosa de veraneio de um suspeito, com piscina, área ampla e vista para a mata. Na cidade do Rio, buscas aconteceram também em um endereço de luxo na orla da Barra da Tijuca.
Os milicianos são acusados de lavar o dinheiro ilícito obtido com as atividades criminosas da quadrilha usando empresas de fachada na Muzema, de acordo com o delegado Leonardo Borges.
Segundo o inquérito, empresários movimentaram valores incompatíveis com as atividades declaradas. Os investigadores destacaram a grande quantidade de dinheiro "vivo" usado para transações em contas bancárias.
Os alvos já tiveram dez milhões de reais bloqueados pela justiça, na primeira fase da operação. A mesma milícia que controla a Muzema e foi alvo da Polícia também é investigada pela construção e controle dos prédios construídos irregularmente que desabaram em 2019 deixando 24 mortos.