Moradores do Anil denunciam extorsão pela milícia com taxas para estacionar e para se mudar

Um dos lugares alvo das ações é a Rua Araticum, que chegou a ficar conhecida como "Rua da Morte"

Por Gabriela Morgado

Moradores do Anil denunciam extorsão pela milícia com taxas para estacionar e para se mudar
Bairro do Anil
Reprodução

Moradores da Zona Oeste voltam a denunciar extorsão pela milícia, com a cobrança de taxas para o estacionamento de carros na rua e até de valores para quem decide se mudar. 
 
Os crimes acontecem no Anil, em Jacarepaguá. 
 
Um dos lugares alvo das ações é a Rua Araticum, que chegou a ficar conhecida como "Rua da Morte". Em 2023, foram pelo menos 13 mortes na via, segundo o Instituto Fogo Cruzado. 
 
As chamadas "taxas de calçada" são cobradas para quem estaciona os carros nas ruas, mesmo dentro de condomínios, e podem chegar a R$ 200 por mês. 
 
Quem decide se mudar do local, para fugir da violência, ainda pode ser cobrado R$ 300. 
 
Segundo os relatos, há alguns meses, nos condomínios da região, uma empresa da milícia também passou a mandar mensagens para os moradores cobrando valores para que eles passem a usar a energia oferecida pelos criminosos, e não da distribuidora de energia legalizada. 
 
Quem não aceita pagar os valores é ameaçado, como conta um antigo morador, que preferiu não se identificar e teve a voz distorcida. 

Alguns meses atrás, entrou uma empresa que começou a ameaçar moradores, cobrando taxa de segurança, taxa de condomínio, e eles também agora passam pelas casas pedindo para poder tirar a Light e colocar o gato, a energia elétrica deles. Se você não faz isso, eles começam a mandar mensagem, a ficar interfonando. Se você não tem garagem, mas deixa o seu carro em frente à garagem, eles também cobram, eles estão dizendo que vão expulsar pessoas. O sentimento é de insegurança, de não poder fazer nada, de não poder contar com as autoridades, porque você não sabe como esse esquema todo está acontecendo.

As "taxas de condomínio" também são cobradas mensalmente, a partir de carnês. 
 
Os criminosos também fazem rondas armados e abordam os carros que entram nos locais. 
 
Na comunidade do Rio das Pedras, quem tem comércio ou serviço para a população também paga a luz da milícia, além de uma taxa única, entre 10 mil e 25 mil reais. Os moradores também pagam a "taxa de calçada", de R$ 50, como conta um morador que também preferiu não se identificar e teve a voz distorcida. 
 
Em nota, a Polícia Civil disse que investiga ações criminosas relacionadas à cobrança ilegal de Internet na região, para identificar e responsabilizar os envolvidos. A Polícia Militar afirmou que o policiamento está reforçado na região. 

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