O último pedido do cantor Anderson Leonardo foi que o Molejo não acabasse. Ele foi vocalista do grupo por 30 anos e animou o Brasil com dezenas de sucessos, como "Brincadeira de Criança", "Dança da Vassoura" e "Cilada".
Anderson morreu aos 51 anos, nesta sexta-feira (26). O artista estava internado em um hospital particular na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. O cantor fazia tratamento contra um câncer inguinal na virilha desde outubro de 2022.
No meio do mês de março, ele realizou um procedimento que trata a dor do paciente oncológico ao bloquear o nervo da região. Anderson chegou a ter alta, mas, em menos de uma semana, precisou retornar ao hospital, em 24 de março.
Anderson era casado e deixa quatro filhos. Pelas redes sociais, um deles, o também cantor e compositor Leozinho Bradock, publicou uma foto antiga com o pai e o texto "Pra sempre estarei no teu colo". Ele escreveu ainda que vai seguir tudo aquilo que foi ensinado por ele.
Além da família, todos os integrantes do Molejo foram até a unidade hospitalar onde o cantor estava internado. Com muita emoção, Andrezinho, também vocalista, contou que o desejo de Anderson era que o grupo continuasse.
"A primeira vez que ele se internou ele falou isso pra gente também: vamos lá rapaziada não deixa cair, vambora vamos trabalhar, vamos continuar e eu vou voltar e a gente vai estar junto novamente. Infelizmente de hoje em diante ele não vai estar mais com a gente, mas ele deixou esse pedido que era o que ele falava sempre tanto individualmente, quanto no grupo em todos os momentos que nós estávamos juntos. Então, nós vamos fazer por onde pra isso tudo continuar".
Na porta do hospital, o produtor Wandersonzinho lamentou a perda do amigo.
"Muito triste, ainda mais sabendo quem é o Anderson Leonardo, entendeu? O Brasil todo conhece, é um cara irreverente, eu falo para todo mundo, é um showman, Anderson Leonardo é um showman. Não tem outro igual, não vai haver outro igual, não vai haver. Muita dor, muita dor, saudade. Mas continua, o Molejo tá aí, é o Molejão. É o Molejo, é alegria, é alegria, é alegria. É um momento de dor, mas é alegria, bola pra frente."
Em vídeo na Internet, o também colega de grupo Claumirzinho agradeceu os fãs pelo carinho e disse que o legado de Anderson fica.
"Então é isso. Foi um guerreiro forte, mas precisava descansar. Cumpriu o que tinha que ser cumprido. Obrigado a todos. Obrigado pelas orações, pelos pensamentos positivos. Obrigado por acompanhar aqui cada, cada momento. O Anderson se foi, mas fica o legado dele, a alegria dele, e isso não vai nunca, nunca morrer."
Em setembro do ano passado, após um período no hospital e de volta à casa dele, Anderson publicou um vídeo com outros integrantes do Molejo agradecendo o carinho recebido. No dia 7 de janeiro, ele chegou a fazer uma apresentação em uma roda de samba.
Entre 2021 e 2022, Anderson foi acusado de estupro por um dançarino e assédio por uma mulher, mas os casos nunca foram julgados e ele sempre negou as acusações. Em 1999, o cantor também foi acusado de agressão pela ex-esposa.
Da Zona Norte do Rio de Janeiro, Anderson começou a se destacar nos palcos na década de 80, quando o que seria o Molejo, chamado de "Nossa Banda", foi formado no Méier. Até que, nos anos 90, mudou de nome e passou a ser produzido por Bira Hawai, pai de Anderson, e o grupo explodiu. Os colegas de grupo são Andrezinho, Lúcio Nascimento, Claumirzinho, Jimmy Batera e Robson Calazans.
Em 1994, o primeiro álbum "Grupo Molejo" dominou o Brasil. Depois disso, mais de 10 projetos foram lançados ao longo dos anos, entre CDs, DVDs e coletâneas especiais.
Em uma entrevista a um podcast, Anderson disse que, no primeiro teste para músico, não sabia tocar o instrumento pedido.
Em entrevista no programa Faustão na Band, Anderson lembrou que a banda surgiu em uma época de muita diversidade na música.
O velório de Anderson acontece neste domingo (28) no Cemitério Jardim da Saudade Sulacap, na Zona Oeste do Rio, das 10h às 16h.
