Cinco anos após a ação policial que levou à morte da menina Ágatha Félix, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, a família da criança ainda não sabe o que vai acontecer com o réu do caso. O policial militar Rodrigo José de Matos Soares vai ser levado a júri popular no dia 8 de novembro, às 11h. Além dele, sete testemunhas vão ser ouvidas. Dois peritos vão participar da sessão, após pedido da defesa do PM. Segundo os advogados, os laudos que apontaram que o agente foi responsável pelo tiro têm pontos controversos.
A morte de Ágatha completou cinco anos nesta sexta-feira (20).
A menina, de oito anos, estava em uma kombi, voltando de um passeio com a mãe, quando foi atingida. A Polícia Civil concluiu que o disparou partiu do PM José de Matos Soares.
Ele teria tentado atingir duas pessoas que estavam em uma motocicleta passando no local, conhecido como Fazendinha.
Ágatha Félix teria completado 13 anos em março. Vanessa Félix, mãe da menina, conta que, em todo aniversário, precisa reforçar o cuidado com a mente.
Eu preciso estar com a mente equilibrada, eu sempre prezo pela minha paz, porque eu acho que é o que ela desejaria. Quando ela estava {aqui}, ela cuidava de mim. Você não pode deixar em vão. Ele {dizer} 'eu atirei, porque pensei, eu achei'. Você não tem que atirar, porque você tem que achar, você tem que ter a certeza, porque a partir do momento que você atira, você pode tirar vidas, e vidas importam para todo mundo
O advogado da Comissão Popular de Direitos Humanos do Rio de Janeiro Rodrigo Mondego acompanha o caso com a família. Ele explica que, mesmo que haja demora em processos semelhantes no Rio de Janeiro, cinco anos de espera geram consequências para os parentes de Ágatha.
Rodrigo José de Matos Soares aguarda o julgamento em liberdade.
Em nota, a defesa de Rodrigo José de Matos Soares, afirmou que para se realizar justiça, deve se julgar de acordo com a Lei, e praticar Injustiça é vilipendiar a Lei. Ainda segundo a defesa, a morte de Ágatha Félix é fruto da violência que assola o Estado do Rio de Janeiro. A nota acrescenta ainda que a defesa acredita na inocência de Rodrigo José de Matos Soares e que qualquer condenação será extremamente injusta.