Movimento nos trens e metrôs do país ainda não voltou ao patamar pré-pandemia

De acordo com a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, o quadro reflete uma mudança de comportamento da população das cidades

Por Pedro Dobal

Movimento nos trens e metrôs do país ainda não voltou ao patamar pré-pandemia
Trem da SuperVia
Divulgação/Agetransp

Mesmo depois de quatro anos do início da pandemia de Covid-19, o fluxo de passageiros nos sistemas de trem e metrô no Brasil ainda é 23,9% menor do que o patamar de 2019.  

Segundo a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, quase 2,5 bilhões de passageiros foram transportados no ano passado, considerando todas as viagens feitas por cada usuário, enquanto em 2019 eram 3,26 bilhões.

De acordo com a associação, o quadro reflete uma mudança de comportamento da população das cidades. O aumento do trabalho remoto depois da pandemia é um dos motivos para a queda no movimento do modal, já que dois terços dos passageiros usam o trem ou o metrô para ir trabalhar.

A pesquisa ainda aponta que o crescimento do e-commerce, os incentivos à compra de carros e a falta de investimentos em transporte público também estão redirecionando as escolhas da população ao transporte individual.

É o caso do analista de mídias digitais Lucas Bulhões, que passou a trabalhar em home office na maior parte dos dias e, quando precisa ir até a empresa, prefere utilizar carro por aplicativo.  

No Rio de Janeiro, os trens da SuperVia tiveram uma queda ainda mais expressiva no número de passageiros. Em 2019, cerca de 570 mil pessoas eram transportadas em um dia útil. No ano passado, foram 312 mil, uma redução de 45%.  

Já o MetrôRio, que tem a passagem mais cara do país, ainda vai reajustar o preço da tarifa em 60 centavos a partir do dia 12, afastando mais passageiros.  

Para o presidente do Conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores, é preciso implementar políticas públicas que incentivem a adoção do transporte coletivo, como os subsídios nas passagens.  

O balanço nacional, por outro lado, revela um aumento de 6% no número de passageiros de trens e metrôs no ano passado na comparação com 2022. O crescimento, segundo a associação, é explicado pelo aquecimento da economia brasileira e do mercado de trabalho, com expansão de 2,9% no PIB e a menor taxa de desemprego desde 2014.

Ainda de acordo com o levantamento, mais de 2 milhões de toneladas de poluentes deixaram de ser emitidos com o uso do transporte sobre trilhos.

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