O Ministério Público do Rio pede que os três presos acusados de participação no assassinato do advogado Rodrigo Marinho Crespo sejam levados a júri popular pelo crime de homicídio qualificado.
Nas alegações finais do processo, os promotores também solicitaram a manutenção da prisão preventiva dos suspeitos.
Rodrigo foi morto a tiros no dia 26 de fevereiro, na frente do prédio onde trabalhava, no Centro do Rio.
A quebra do sigilo dos celulares apreendidos com os investigados apontou que um dos homens que monitorou a vítima fez pesquisas sobre endereços ligados a ele na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Leblon e no Centro. Um deles era a sede da Ordem dos Advogados do Brasil, que fica a poucos metros do local do crime.
A análise do conteúdo dos celulares também revelou que Rodrigo não foi o único alvo monitorado pelo grupo.
Eduardo Sobreira Moraes e Cézar Mondêgo de Souza, presos acusados de seguir a rotina do advogado, aparecem juntos dentro de um carro em pelo menos sete fotos, que teriam sido feitas enquanto acompanhavam outras possíveis vítimas, que não tiveram as identidades divulgadas.
Uma lista encontrada pela Polícia indica que Mondêgo teria recebido um pagamento de pelo menos 900 reais pelo serviço descrito como "visão".
Entre os endereços vigiados, estão imóveis em Todos os Santos, na Zona Norte, e Botafogo, na Zona Sul, que tinham ligação com a contravenção. Em um deles, funcionava um bingo clandestino fechado pela Polícia Militar em maio. No outro, havia máquinas caça-níqueis.
Os policiais ainda conseguiram recuperar conversas em que eles combinavam como seriam feitos os monitoramentos. Em um áudio transcrito pela Polícia, um deles pedia que fossem memorizadas características de um alvo, como tatuagens.
Em outra gravação, a pessoa dizia: "quando for umas 9 horas, quinze pras nove, tu vem aqui, pede um pãozinho na chapa, um pingadinho, senta aqui comigo e fica aqui. Claro, se ele chegar tu vai levantar, sair no talentinho, tu vai pra dentro do carro, pra tentar dar um segue nele"
Os investigadores também descobriram que Eduardo Sobreira Moraes pesquisou informações sobre um homem que foi assassinado com mais de 80 tiros de fuzil em junho de 2022, crime que teria ligação com o contrabando de cigarros e que, segundo o MP, apresentou semelhanças com a forma como o advogado foi morto.
O advogado de Eduardo, Felippe Teixeira, nega a participação dele no crime.
Além de Eduardo e Cézar, o PM Leandro Machado da Silva também está preso, acusado de coordenar a logística da execução e alugar os carros usados no crime. No entanto, o advogado dele alega que o réu apenas sublocava os veículos e não sabia como eram utilizados.