Moradores do Complexo da Penha são baleados durante operação da Polícia Federal no Rio

A ação "Buzz Bomb" foi deflagrada para reprimir o uso de drones remotamente

Por João BoueriLuanna Bernardes

Moradores do Complexo da Penha são baleados durante operação da Polícia Federal no Rio
Operação da PF no Complexo da Penha
Reprodução

Quatro moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, foram atingidos por estilhaços de disparos durante uma operação da Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (16). Ainda não há informações sobre o estado de saúde deles.   

Uma mulher foi socorrida por pedestres e moradores ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na mesma região, que passavam no local no momento de um intenso confronto. A vítima ainda não identificada estava na Rua José Maurício, quando foi atingida há poucos metros da estação de trem da Penha.   

A operação "Buzz Bomb" foi deflagrada pela Polícia Federal para reprimir o uso de drones remotamente pilotados e adaptados com granadas pelo Comando Vermelho contra forças de segurança, facções rivais e milicianos.   

Um militar da Marinha identificado como responsável por operar o equipamento foi preso durante a operação no posto de trabalho. A Justiça do Rio também expediu três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva contra o chefe da organização criminosa que segue foragido.   

Os moradores registraram o tiroteio por volta das 8 horas. 

Além de uma mulher baleada, a casa de uma moradora foi alvejada na Rua Aimoré. Apesar do susto, ninguém ficou ferido. O filho dela é ouvinte da BandNews FM e conversou com a reportagem nesta segunda-feira (16). Ele, que preferiu não se identificar, disse que o disparo atingiu a cozinha do imóvel da mãe.  

Os criminosos utilizaram os equipamentos durante um ataque de traficantes do Comando Vermelho contra milicianos na Gardênia Azul, na Zona Oeste, em fevereiro de 2024. Os drones também foram usados para monitorar as ações policiais no Complexo da Penha.   

A utilização de drones por criminosos também foi flagrada durante uma disputa territorial entre traficantes do Complexo de Israel e da Favela do Quitungo, na Zona Norte. Na ocasião, uma granada chegou a ser lançada em um grupo de bandidos.   

No início de setembro, a reportagem da BandNews FM teve acesso a ofícios do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O GSI estuda criar Zonas Restritas de Voo durante a realização da Cúpula do G20 em decorrência da utilização de drones por criminosos. O evento vai acontecer em novembro na capital fluminense.   

A reportagem da BandNews FM teve acesso a minutas de ofícios, que serão enviados pelo GSI às polícias Civil e Militar e às secretarias de Estado de Administração Penitenciária e de Defesa Civil.   

Uma escola estadual teve que liberar estudantes mais cedo por causa dos confrontos. As crianças tiveram que se abaixar durante o tiroteio para se proteger dos disparos.   

A Clínica da Família Felipe Cardoso suspendeu as atividades externas realizadas na manhã desta segunda-feira (16), como visitas domiciliares.   

Os alvos da operação podem responder pelos crimes de organização criminosa e posse de material explosivo. Somadas, as penas chegam a 14 anos de prisão. 

O nome da operação faz referência a história dos drones, que surgiram com uma inspiração em bombas alemãs, conhecidas como Buzz Bomb.   

Em nota, a Polícia Federal disse que, para evitar um confronto armado de maiores proporções e preservar os moradores, optou por não prosseguir com a operação nesta segunda-feira (16). 

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