Especialistas fazem duras criticas à Prefeitura de Niterói pela construção de um muro de pedras na orla de Camboinhas. A medida custou cerca de R$ 10 milhões aos cofres públicos. Segundo o município, a estrutura tem como objetivo impedir o avanço das ondas sobre os quiosques e a ciclovia da praia.
Mas, para o geógrafo Eduardo Bulhões, responsável pelos estudos costeiros da Universidade Federal Fluminense, a iniciativa é equivocada e vai de encontro às politicas públicas adotadas em outras partes do mundo.
Para os especialistas, o correto seria auxiliar o processo da natureza, deslocando parte da areia para próximo dos quiosques, formando as dunas naturais. Este fenômeno ocorreria normalmente, já que estudos apontam estabilidade na praia e nenhuma tendência a erosão. A intervenção apenas aceleraria este processo.
Os geólogos ainda chamam a atenção para a necessidade de uma manutenção permanente na praia e uma intervenção anual com um trator, justamente para fazer o deslocamento da areia para próximo ao calçadão de Camboinhas.
Para o coordenador do Laboratório de Geografia Física da UFF, Guilherme Frenadez, além de ineficaz, a construção do muro em Camboinhas representa um desperdício de dinheiro público.
Os especialistas destacam a necessidade de cultivar uma restinga no mesmo trecho. A medida ajudaria não só a compor, mas como manter as dunas próximas ao calçadão de Camboinhas.
Em nota, a Prefeitura de Niterói informou que o muro de contenção vai ter 270 metros e vai possuir uma estrutura resistente, de alta durabilidade e de baixo impacto ambiental. O comunicado acrescenta ainda que deve ficar pronta até o próximo verão.