O início da nova operação do sistema ferroviário do Rio está sendo planejado para o dia 1º de julho de 2025 pelo Grupo de Trabalho instaurado para acompanhar os trabalhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. A CPTM elabora a estimativa orçamentária para a contratação emergencial de empresa para operar e realizar a manutenção dos trens.
A Secretaria de Estado de Transportes e Mobilidade Urbana analisa os primeiros resultados do estudo técnico que foram entregues pela companhia paulista na semana passada.
Os dados indicam que a estabilização do sistema ferroviário vai acontecer a partir do terceiro ano, dentro de um horizonte de cinco anos após a saída da SuperVia. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos foi contratada no mês passado pelo valor de R$ 2 milhões e 496 mil.
A contratação emergencial da empresa que vai substituir a atual concessionária deve ser conduzida pela Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (CENTRAL), braço da Secretaria de Transportes. No entanto, apesar da previsão de início da nova operação para julho, o edital de licitação para contratação da futura empresa ainda não foi publicado.
Para o diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, a data trabalhada pelo governo é muito otimista. O especialista lembrou que existe um tempo necessário para elaborar todo o processo de licitação e que não se sabe se haverá interessados.
Existe ainda um tempo de elaboração dessa nova situação, da nova modelagem, do novo processo de licitação, não sabemos ainda quem se haverá um interessado e além de tudo precisa ser feito um cronograma, uma matriz de risco, uma matriz de operação. Existe uma complexidade operacional muito grande nesse processo. Então vamos aguardar para ver os próximos passos para te dar uma posição melhor..
Entre os serviços que foram analisados pela CPTM estão a operação das estações, do Centro de Controle, dos trens, e manutenção do sistema elétrico e sinalização ferroviária, por exemplo.
Também na semana passada, a Justiça do Rio homologou o acordo entre o estado e a SuperVia, dando início ao período de transição. O documento determina um investimento de R$ 150 milhões da concessionária e R$ 300 milhões do Estado. Além disso, a SuperVia segue à frente do serviço por seis meses, que podem ser prorrogáveis por mais 90 dias.
O contrato atual com a SuperVia iria até 2048, mas, após acordo entre a concessionária e o Estado, a empresa vai deixar o serviço no ano que vem.
Um dos problemas enfrentados pela SuperVia atualmente é o sistema de sinalização, responsável por transmitir informações aos operadores de trens, como a presença de trens nas proximidades, avisos antecipados sobre pontos críticos, cruzamentos, desvios, curvas acentuadas e trechos com velocidade restrita.
Segundo a concessionária, a partir do início da pandemia, houve um aumento significativo de furto e vandalismos do sistema de sinalização. Os cabos ainda não foram repostos pela empresa. A funcionalidade foi perdida em todo o ramal Belford Roxo, por exemplo.
O problema acarreta outros, redução da velocidade dos trens, resultando em atrasos nos horários programados e superlotação. Além disso, a falta de sinalização limita o número de trens por hora.
Um plano de contingência montado pelo administrador judicial do processo da recuperação judicial da SuperVia apontou, em agosto, que há risco de aumento de acidentes fatais devido a deterioração dos sistemas elétricos da empresa; aumento de furtos e vandalismo dos ativos causando depredação do patrimônio pela não utilização dos ramais/estações; interrupção em ramais específicos; entre outros pontos.
Em junho de 2021, a SuperVia ajuizou pedido de recuperação judicial, alegando prejuízos decorrentes da pandemia de Covid-19, do congelamento de tarifas e de questões relacionadas à segurança pública, totalizando perdas superiores a R$ 1,2 bilhão.
Já em maio de 2024, a concessionária disse à Justiça que poderia atingir o estado falimentar sem uma reestruturação do contrato de concessão. Em setembro, a Justiça determinou que o Estado do Rio de Janeiro e a SuperVia prosseguissem com as negociações visando à manutenção do serviço ferroviário na Região Metropolitana.
Atualmente, os trens transportam cerca de 300 mil passageiros por dia nos cinco ramais em uma malha ferroviária de 270 quilômetros com 104 estações. Antes da pandemia, o histórico era de mais de 600 mil passageiros diários. Em 1984, 908 mil usuários eram transportados.
Em nota, o Governo do Estado disse que o processo de transição foi iniciado após a homologação do acordo pela Justiça, e que a transição deverá ocorrer em seis meses, prorrogáveis por até três meses. O Palácio Guanabara afirmou ainda que o Grupo de Trabalho criado já está analisando os estudos técnicos elaborados pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e entregues na última sexta-feira.