Número de armas custodiadas pela Polícia Civil supera 45 mil unidades

Chama atenção o número de fuzis, que representam 8% das apreensões feitas este ano - número bem superior a média nacional, que é de cerca de 1%

Fernando David

Número de armas custodiadas supera média nacional Tânia Rêgo/Agência Brasil
Número de armas custodiadas supera média nacional
Tânia Rêgo/Agência Brasil

O número de armas custodiadas no depósito da Polícia Civil superou as 45 mil unidades. Chama atenção o número de fuzis, que representam 8% das apreensões feitas este ano - número bem superior a média nacional, que é de cerca de 1%.

Mas a arma mais potente armazenada é uma browning de fabricação norte-americana, conhecida como metralhadora .50, que dispara 600 tiros por minuto, com alcance de até 6 km. Armas de guerra, mas, que, no Rio de Janeiro, são encontradas com frequência com o crime organizado, como conta o delegado da Polícia Civil responsável pelo paiol, Jader Amaral.

O Rio de Janeiro foi o primeiro estado em que apareceu o fuzil na mão dos criminosos. São armas de guerra, armas que a gente vê o dano que essa arma pode causar numa equipe policial. E não existe nem blindagem, nada que possa deter, parar um tiro de uma .50, diz ele

A reportagem teve acesso com exclusividade ao paiol, nesta quinta-feira (19), cuja localização, por motivo de segurança, não pode ser revelada. São 47 boxes lotados de armamento antigos e modernos, de diferentes tamanhos e calibres. Muitos adaptados pelos criminosos para ganhar poder de fogo. As armas apreendidas, geralmente, são devolvidas aos donos ou destruídas pelo Exército. Apenas 1% é doado às forças de segurança, segundo o delegado Jader Amaral.

A parte que interessa as forças de segurança é um percentual muito pequeno, difícil dizer mas talvez 1%. Porque é aquilo que eu falei, as armas tem que estar em boas condições, ela tem que estar dentro do padrão, dentro do calibre que a polícia usa. Muitas delas então não interessam muito, embora em boas condições e estado perfeito, e aí elas vão para a destruição, conta o delegado

Gerente do Instituto Sou da Paz, o especialista em controle de armamento e munições, Bruno Langeani, afirma que é preciso mais articulação entre forças de segurança e Exército, para reduzir o número de armas sob custódia.

Apenas nos três primeiros meses de 2022, 1.686 foram retiradas de circulação - 18 por dia. A média é superior a do ano passado, quando 6.833 armas foram apreendidas.

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