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ONG Anistia Internacional critica excesso de força por agentes do Estado

O documento, lançado nesta quarta-feira (24), reúne análises sobre a situação dos direitos humanos em 156 países

Por Pedro Dobal

ONG Anistia Internacinal
ONG Anistia Internacinal
Divulgação/ Redes Sociais

Um relatório publicado pela ONG Anistia Internacional critica o uso excessivo da força por agentes do Estado no Brasil. O documento, lançado nesta quarta-feira (24), reúne análises sobre a situação dos direitos humanos em 156 países.

O boletim destaca que pelo menos 394 pessoas foram mortas em operações policiais nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo somente entre julho e setembro no ano passado, durante o período que classificou como crise de segurança pública.

O relatório cita três morte de crianças e adolescentes durante intervenções policiais em um intervalo de um mês no Rio de Janeiro no ano passado.

No dia 7 de agosto, Thiago Flausino, de 13 anos, foi morto em uma operação na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. No dia 12 de agosto, Eloah Passos, de 5 anos, morreu depois de ser atingida dentro de casa no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, na Zona Norte. Em 7 de setembro, Heloísa Santos, de 3 anos, foi morta numa abordagem da Polícia Rodoviária Federal no Arco Metropolitano.

O pai de Heloísa, Willian Silva, reclama da demora da Justiça.  

A mãe de Thiago Flausino, Priscila Menezes, ((só conseguiu voltar a trabalhar quase nove meses após a morte do filho, porque sofria crises de ansiedade. Ela)) cobra a punição dos policiais envolvidos.

O boletim reforça que muitos casos continuam impunes, entre eles o assassinato de João Pedro Mattos, de 14 anos, morto em 2020 durante uma operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.  

Os policiais envolvidos na ocorrência podem ser levados a júri popular, mas ainda não foram julgados. No mês passado, a Justiça prorrogou o prazo para a defesa apresentar as alegações finais antes da decisão de levá-los ou não ao Tribunal do Júri.

A diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, destaca as medidas que poderiam ser tomadas para diminuir a letalidade das ações policiais.

O relatório da Anistia Internacional também ressalta que as pessoas negras foram afetadas de forma desproporcional pela violência policial e embra que grande parte dos países das Américas a força do Estado é usada desproporcionalmente com viés racista.

O documento ainda aponta que o Brasil continuou a ter um dos níveis mais altos de desigualdade do mundo, com insegurança alimentar alarmante e um terço da população abaixo da linha da pobreza.

A situação dos povos indígenas também foi destacada pela organização, que destacou a emergência nacional de saúde pública pela falta de assistência ao povo Yanomami. O boletim ainda citou a predominância da violência de gênero, que continuou causando preocupação.

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