Petrobras aprova Mário Spinelli para Diretoria de Governança da companhia

Pasta foi alvo de disputas entre membros do Conselho de Administração e presidente da estatal

Por João Videira (sob supervisão)

Petrobras aprova Mário Spinelli para Diretoria de Governança da companhia
Petrobras terá Assembleia Geral Ordinária nesta quinta-feira (27)
Fernando Frazão/Agência Brasil

A Petrobras aprova o nome de Mário Vinicius Spinelli para a Diretoria de Governança da companhia. Spinelli compôs a lista tríplice enviada pelo presidente da empresa, Jean Paul Prates.

A diretoria foi alvo de disputas entre membros do Conselho de Administração, em formação composta majoritariamente por indicados durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e aliados do presidente da petroleira.

Na última terça-feira (25), um comitê interno que avalia currículos para a alta cúpula da companhia havia emitido uma recomendação para a recondução de Salvador Dahan, que ocupa o posto desde abril de 2021.

À BandNews FM, aliados de Prates se mostraram contrários ao parecer e defenderam que fosse respeitada a lista tríplice, evocando um artigo do estatuto interno que limita a escolha da diretoria ao presidente da companhia.

Criada durante a descoberta de esquemas de corrupção na Operação Lava Jato, a diretoria é responsável por "assegurar a conformidade processual e mitigar riscos nas atividades da companhia, dentre eles, os de fraude e corrupção, garantindo a aderência a leis, normas, padrões e regulamentos".

Spinelli já integrou os quadros da Petrobras como Ouvidor-Geral (2016-2021) e já ocupou funções de destaque na Controladoria Geral da União (CGU) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).  

A escolha de Spinelli foi celebrada pelo presidente da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacellar.  

"Venceu o bom-senso", disse Bacellar referindo-se à vitória.

Reajuste Organizacional

Nesta quarta-feira (26), também foi aprovada a proposta de reajuste organizacional da Petrobras. Segundo a empresa, a proposta visa três objetivos: a preparação para transição energética; a reunião de atividades de engenharia, tecnologia e inovação; e a concentração de atividades corporativas em uma área voltada à gestão da companhia.  

A companhia vai criar a Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade, que será ocupada por Maurício Tolmasquim. Ela terá, sob seu guarda-chuva, as gerências executivas de gás de Gás e Energia e de Mudança Climática e Descarbonização.  

A atual Diretoria de Desenvolvimento da Produção passará a se chamar Diretoria de Engenharia, Tecnologia e Invocação, e irá incorporar o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello (Cenpes). Ela será comandada por Carlos José do Nascimento Travassos.

A atual Diretoria de Refino, Gás e Energia, ocupada por William França da Silva, passa a ser denominada Diretoria de Processos Industriais e Produtos.

Maurício Tolmasquim assume área responsável por plano estratégico da Petrobras. Na imagem: Maurício Tolmasquim, gerente executivo de Estratégia da Petrobras, foi coordenador executivo do GT de Minas e Energia da transição de governo (Foto: José Cruz/Agência Senado)

A atual Diretoria de Comercialização e Logística, ocupada por Claudio Romeo Schlosser, passa a ser denominada Diretoria de Logística, Comercialização e Mercados.

A Diretoria de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade será extinta, passando a ser Diretora de Assuntos Corporativos. A pasta tratará de processos internos ligado a áreas como gestão de pessoas, saúde e meio ambiente. A atual diretora, Clarisse Copetti será indicada a Diretoria de Gestão Coorporativa.

As gerências executivas de Comunicação, Responsabilidade Social e Relacionamento Externo ficarão diretamente ligadas à Presidência.

A Diretoria Financeira e de Relacionamento com Investidores, ocupada por Sergio Caetano Leite passa a ser responsável pela área de Gestão de Portfólio.

Ficam mantidas as Diretorias de Exploração e Produção e de Governança e Conformidade.

AGO

Nesta quinta-feira (27), a partir das 13 horas, a Petrobras realiza a Assembleia Geral Ordinária (AGO) de acionistas para eleger oito novos membros do colegiado, que soma 11 assentos

Além da renovação dos conselheiros da alta cúpula da companhia, há outros sete itens na pauta.

RESPOSTA DA PETROBRAS

No período de abril de 2022 a março de 2023, os oito diretores executivos e o presidente da Petrobras tiveram remuneração mensal na faixa de R$ 111 mil a R$ 116 mil.

Cabe esclarecer que Jean Paul Prates se absteve da decisão tomada pelo colegiado, assim como outros três Conselheiros, que, como ele, permanecerão no Conselho. Os Conselheiros que votaram favoravelmente tiveram como base a percepção de oportunidade de melhoria dos valores de remuneração, atualmente praticados à luz de referências de empresas com as mesmas características.

A indicação de correção dos salários não tem nenhuma motivação individual e sequer atende a pleitos exclusivos da nova gestão, já que se trata de um tema que deve ser obrigatoriamente analisado pelas estatais para subsidiar decisão da AGO quanto ao montante que será destinado à remuneração de seus administradores no próximo ano. Além de considerar que a remuneração dos dirigentes está congelada desde 2016, a decisão do CA de propor o ajuste de 43,88% ponderou os resultados positivos obtidos pela companhia e a considerável defasagem da remuneração dos administradores em relação ao mercado.

A indicação de correção dos salários não tem nenhuma motivação individual e sequer atende a pleitos exclusivos da nova gestão, já que se trata de um tema que deve ser obrigatoriamente analisado pelas estatais para subsidiar decisão da AGO quanto ao montante que será destinado à remuneração de seus administradores no próximo ano. Além de considerar que a remuneração dos dirigentes está congelada desde 2016, a decisão do CA de propor o ajuste de 43,88% ponderou os resultados positivos obtidos pela companhia e a considerável defasagem da remuneração dos administradores em relação ao mercado.

Para efeito de comparação, pesquisas apontam que a remuneração do presidente da Petrobras equivale a 19% da mediana da remuneração total anual de seus pares no mercado; a dos diretores equivale a 55%; e a dos conselheiros equivale a 26% do que o mercado similar pratica.

A defasagem foi ampliada nos últimos anos em função do congelamento da remuneração dos dirigentes. Os empregados da companhia tiveram sua remuneração atualizada ao longo deste período.

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