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Petrópolis tem 75% das áreas de risco sem atuação do poder público

Cento e cinquenta pontos precisam de obras para recuperação das chuvas de fevereiro de 2022

Carlos Briggs

Comunidade 24 de Maio durante temporal no inicio de 2022
Comunidade 24 de Maio durante temporal no inicio de 2022
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Mais de quatro meses após a tragédia que matou 241 pessoas, Petrópolis ainda tem 75% das áreas mapeadas como locais de risco sem definição de qual gestor público é o responsável pelas obras de intervenção. 

Ao todo, são 79, de um total e 105 pontos que precisam ser recuperados ou necessitam de contenções. Sete corpos seguem desaparecidos desde os temporais de fevereiro e março deste ano.

O levantamento do Ministério Público do Rio sobre os pontos vulneráveis na cidade está atualizado até maio, o que significa dizer que uma nova revisão pode elevar ainda mais estes números.

Na Rua Nova, os próprios moradores identificaram duas grandes pedras, que colocam em risco à Escola Municipal Clemente Fernandes e ainda 40 casas no entorno. 

A via corta a Rua 24 de Maio, que fica no começo da Rua Teresa, mais importante centro comercial de Petrópolis. A comunidade abriga cerca de 30 mil moradias, sendo que duas mil famílias vivem exatamente na região onde as pedras se deslocaram, desde os temporais do início do ano. 

A presidente da Associação de Moradores da 24 de Maio, Odete da Silva, conta que duas mil famílias vivem no entorno dessas áreas de risco. 

Parte do mapeamento dessas áreas de risco foi feita pelos próprios moradores. Uma pedra próxima ao ponto final de ônibus das linhas que atendem à comunidade 24 de Maio foi sinalizada.  

As regiões como Alto da Serra, Vila Felipe e o próprio Morro da Oficina, local onde se concentraram a maioria dos corpos retirados pelo Corpo de Bombeiros, ainda não sofreram intervenções estruturais.

Em audiência judicial, no último dia 23, o presidente do Inea, Philipe Campello, reconheceu a necessidade de equipamentos mais eficazes para o trabalho de desassoreamento na cidade. 

O presidente da Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis, Leonardo França, afirma que ainda há mais de 80 mil metros cúbicos de detritos a serem retirados de rios e córregos que cortam o município. 

Tanto o Instituto Estadual do Ambiente, quanto Prefeitura petropolitana declaram precisar de aproximadamente R$ 15 milhões para ampliar o maquinário para a limpeza e dragagem dos principais rios, antes de eventuais novos temporais. 

Mas, o argumento foi questionado pelo promotor de Justiça do Grupo de Apoio Técnico Especializado. José Alexandre Maximino chamou a atenção para recursos disponíveis para esta finalidade no Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano, na ordem de R$ 1,5 bilhão. Agora, o Inea prometeu uma posição quanto ao uso do recurso até o fim desta semana.

Este montante é proveniente de multas administrativas aplicadas e condenações judiciais por irregularidade constatadas pelos órgãos fiscalizadores de meio ambiente.

Os recursos ainda são compostos de 5% relativos à extração na camada pós-sal e 5% na camada pré-sal do Estado do Rio e tem atribuição de auxiliar projetos, como aqueles voltados para reparar a cidade de Petrópolis.

A Secretaria de Educação informa que os alunos da Escola Municipal Vereador Clemente Fernandes, no Alto da Serra, foram transferidos para a Escola Municipal Comunidades Santo Antônio, que fica na mesma região. 

O prédio da escola passou por limpeza e permanece interditado. A Prefeitura está finalizando os projetos de recuperação da unidade. Além de intervenções na quadra e nos fundos do imóvel, também será preciso uma obra de contenção para garantir segurança. 

A Prefeitura está pleiteando recursos junto ao Estado e ao Governo Federal para realizar uma série de obras na cidade, incluindo da Escola Municipal Vereador Clemente Fernandes.

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