Petrópolis registrou um dos maiores volumes de chuva da história em um intervalo de 24 horas. Foram cerca de 550 mm neste domingo. No temporal do dia 15 de fevereiro, que deixou 233 mortos, sendo a maior tragédia da cidade, choveu cerca de 460 mm, também em um intervalo de 1 dia, mas a tempestade foi mais concentrada, com grande parte desse volume caindo nas primeiras horas
Nesse intervalo de pouco mais de um mês, as ruas da cidade voltaram a ser tomadas por moradores atrás de notícias de parentes.
A comerciante Isabel Carvalho ainda tinha esperanças de encontrar o irmão, Mário Carvalho, com vida.
Mário Carvalho é professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e estava no terceiro andar de um imóvel, que veio abaixo, na rua Washington Luiz, no limite entre a região central da cidade e o bairro Val Paraíso.
Entre os desaparecidos também está Mirian do Vale, de 33 anos. O irmão dela, Jonathan do Vale, conta que a irmã e o marido queriam sair da região, por medo de deslizamentos de terras.
O marido de Mirian do Vale, Antônio Gonçalves, foi resgatado com vida e internado no Hospital Santa Tereza e não corre risco de morte.
Além da impotência por que não conseguir deixar uma área de risco, há moradores que também se sentem impotentes pela falta de políticas públicas para mitigar os impactos das chuvas. A comerciante Marina Touron afirma que, desde o temporal do dia 15 de fevereiro, a prefeitura de Petrópolis maquia as obras de prevenção aos temporais e procura mostrar serviço apenas nas áreas turísticas.
Ausência do poder público também para ajudar na recuperação do poder econômico de Petrópolis. A reclamação é do proprietário de uma browneria na cidade. Meron Soares conta que foi obrigado a demitir 30% da mão de obra, depois que viu o faturamento do estabelecimento despencar.
Enquanto comerciantes tentam achar uma saída, Petrópolis tenta, mais uma vez, voltar a uma eventual normalidade. Nesta segunda-feira foi mais um dia de máquinas pela cidade. Sobre o trator da prefeitura, o operário Marco Antônio de Oliveira dizia que era hora de todos recomeçarem de novo.