O Produto Interno Bruto brasileiro tem crescimento de 0,1% no terceiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior. Segundo os dados divulgados nesta terça-feira (2) pelo IBGE, o PIB do país totalizou R$ 2 trilhões e 741 bilhões no trimestre encerrado em setembro.
No confronto com o mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 2%. Já no acumulado dos quatro primeiros trimestres deste ano, o PIB cresceu 3,1%.
De um ano para o outro, a Agropecuária cresceu 8,8%, principalmente com o desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no terceiro trimestre, tais como: milho, que teve alta de 19,5%, cana-de-açúcar com aumento de 13,1%, algodão herbáceo que teve elevação de 12,5%, e café com uma alta de 6,9%.
Mas, ainda assim, o número está 8,4% abaixo do pico da série histórica, registrado no terceiro trimestre de 2013. Analistas ouvidos pela BandNews FM afirmam que o resultado pode ter sido impactado pela baixa trimestral na safra da soja, que vinha crescendo nos trimestres anteriores.
A colunista de economia da BandNews FM, Juliana Rosa destaca o peso do agronegócio.
"O agro é a grande estrela do ano. Ele representa 40% do crescimento da economia brasileira esse ano. Então, ele perde fôlego agora que é normal porque o auge da safra agrícola é no começo do ano", destaca ela.
A economista do FGV Ibre, Juliana Trece, aponta a principal surpresa negativa: a queda na taxa de investimentos de um ano para o outro.
"Eu acho que a parte mais preocupante do resultado que a gente viu hoje é o quanto a taxa de investimento e a taxa de poupança estão baixos. Isso é muito ruim para a gente pensar em crescimento econômico. O baixo crescimento que nós estamos vendo agora já não é sustentável no médio e longo prazos", destaca ela."
Os investimentos ficaram muito abaixo do pico, que aconteceu no segundo trimestre de 2013. No terceiro trimestre deste ano, houve queda de 2,5% na taxa de investimento ante o trimestre anterior. O IBGE explica que ela é fruto da política monetária contracionista.
A taxa de poupança também retraiu, quando comparada ao terceiro trimestre de 2022, e acompanhou o aumento do consumo das famílias: de 3,3%.
O setor de Transporte, armazenagem e correio recuou 0,9% em relação ao trimestre anterior. A queda vem após oito trimestres de alta. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, não descarta o impacto dos combustíveis no segmento.
"Quando a gente equilibra entre oferta e demanda os produtos, vemos que a relação insumo x produção puxou para baixo nesse trimestre. Então puxou um pouco um valor adicionado de Transporte", analisa.
Com maior peso no PIB, o setor de Serviços avançou 1,8% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. Destaque para serviços de informação, que está 26% acima do patamar pré-pandemia. Rebeca Palis afirma que ele foi puxado por uso de internet e funcionamento de sistemas.
A construção foi o único setor a mostrar recuo na indústria dentro do PIB, de 3,8%, em relação ao trimestre anterior.