Planos de saúde estariam driblando o prazo legal para realizar cirurgias. A denúncia é de um cirurgião, que atende diversos beneficiários no Rio de Janeiro. Segundo o relato, as empresas autorizam o procedimento, mas deixam em análise os materiais necessários para a operação.
Ele teve a identidade preservada e a voz distorcida.
A crise instalada entre as empresas de saúde e a Agência Nacional de Saúde se intensificou depois que as operadoras passaram a questionar a necessidade de atualização de procedimentos cobertos no rol da ANS.
As companhias argumentam que a inclusão de determinados tratamentos encareceu o custo da saúde e as mensalidades não teriam acompanhando essas despesas.
Apesar da discussão, dados da ANS mostram que os planos de saúde tiveram lucro líquido de R$ 3,3 bilhões no 1° trimestre deste ano. Mas, enquanto operadoras e a agência reguladora não entram em um consenso, os atendimentos médicos de profissionais credenciados pelos planos de saúde são cada vez mais alvo de reclamações dos beneficiários.
Dados do painel de Estatísticas Processuais de Direito à Saúde do Conselho Nacional de Justiça mostram um crescimento de 65% nos processos movidos por clientes contra as operadoras de saúde entre os anos de 2020 e 2023. Ainda de acordo com o CNJ, em 2023, foram movidos aproximadamente 220 mil novos processos, contra cerca de 130 mil ações judiciais no ano de 2020.
As ações individuais constituem quase 100% dos processos desde 2020, o que resultou em um custo de R$ 17 bilhões para os planos, apenas nos últimos cinco anos.
Procurada pela reportagem, a denúncia feita de demora proposital na liberação de materiais cirúrgicos por parte dos planos de saúde, a ANS não deu retorno aos questionamentos feitos pela nossa reportagem.