Os sete policiais militares que participaram da ação que terminou com a morte de um adolescente de 17 anos em Cordovil, na Zona Norte, foram afastados das ruas. A família de Cauã da Silva Santos acusa os PMs de terem feito os disparos que atingiram o jovem durante um evento de um projeto social, na segunda-feira (4).
Os policiais foram ouvidos pela Corregedoria da PM, que abriu um procedimento apuratório. Eles também prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital, que investiga o caso.
Os agentes dizem que estavam realizando policiamento na Rua Antônio João, quando foram atacados por bandidos. Segundo a PM, um foragido da prisão foi detido na ação e armas e drogas foram apreendidas. Ainda de acordo com os policiais, os outros criminosos pularam em um valão durante a fuga.
Segundo familiares, Cauã e outros jovens estavam comemorando que iriam participar no próximo domingo de um campeonato mundial de grappling, espécie de luta livre. O adolescente estava levando outros participantes em casa, quando os PMs teriam entrado na rua atirando, atingido Cauã. Em seguida, eles teriam empurrado o jovem para dentro do valão. Ainda de acordo com as testemunhas, não havia bandidos no local.
O tio de Cauã e presidente da Associação de Moradores da Comunidade do Dourado, Thiago Velasco, afirma que os policiais ainda recolheram as cápsulas dos disparos do chão.
O corpo de Cauã foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na mesma região, pelos moradores, mas já chegou sem vida à unidade.
O porta-voz da Polícia Militar, Tenente-Coronel Ivan Blaz, afirma que as denúncias são graves.
Um projeto de lei aprovado pela Alerj e sancionado pelo governador Cláudio Castro em junho do ano passado poderia ajudar os investigadores em casos como esse. A lei determina a implantação de câmeras nas viaturas e nos uniformes dos policiais. Até agora, os equipamentos só foram usados no Réveillon em Copacabana. A PM disse que as câmeras portáteis só vão começar a ser usadas na capital na segunda quinzena de maio, após treinamento dos agentes.
Nesta terça (5), a família de Cauã realizou dois protestos. A irmã dele, Caroline da Silva, e a avó, Edineise Rodrigues Soares, pedem justiça.
Cauã lutava jiu-jitsu e grappling e chegou até mesmo a ganhar campeonatos. Segundo a família, ele morava próximo à comunidade do projeto e estava animado para o alistamento militar.