Polícia identifica e pede prisão de traficante que extorquiu construtora

Caso foi denunciado pelo prefeito Eduardo Paes no Parque Piedade

Por Pedro Dobal

Polícia identifica e pede prisão de traficante que extorquiu construtora
As obras do Parque Piedade começaram em setembro do ano passado
Reprodução

O criminoso investigado por exigir o pagamento de R$ 1 milhão da construtora responsável pelas obras do Parque Piedade, na Zona Norte do Rio, acumula 12 condenações na Justiça, que somam mais de 66 anos de reclusão de pena.  

Jean Carlos Nascimento dos Santos, conhecido como Jean do 18, ficou preso durante seis anos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, mas estava entre os três detentos que conseguiram fugir em janeiro do ano passado usando uma corda feita de lençóis retorcidos.  

O criminoso é apontado pela Polícia como um dos chefes da facção que atua no Morro do 18, na mesma região. Jean responde por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e roubo.

Em 2013, ele participou da invasão ao Fórum de Bangu, que deixou uma criança de oito anos e um PM mortos. O bandidos tentaram matar um juiz e resgatar comparsas. Jean também foi condenado por ordenar o assassinato do próprio advogado, em 2015.  

A delegada Carolina Cavalcante afirma que há provas robustas do envolvimento de Jean na cobrança ilegal às empreiteiras e que ele foi reconhecido por testemunhas como um dos responsáveis pelas ameaças. O inquérito contra o suspeito já foi concluído e enviado ao Ministério Público. 

Segundo o advogado André França Barreto, que defende o consórcio que realiza as obras, as cobranças começaram em novembro do ano passado, e o valor exigido caiu pela metade ao longo do tempo. Ele conta que, por medo, muitos funcionários pararam de trabalhar.

As obras do Parque Piedade começaram em setembro do ano passado, no local do antigo campus da Universidade Gama Filho. O valor total dos serviços é estimado em R$ 65 milhões.

Na manhã desta quinta-feira (11), a Polícia Militar realizou uma operação na região para tentar localizar suspeitos de participação nas extorsões. Ninguém foi preso.

Há cerca de três semanas, o mesmo grupo também tentou extorquir a Prefeitura, mas o município não aceitou fazer o pagamento. Além da Polícia Civil, o Ministério Público e à Polícia Federal também investigam o caso.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, afirmou que a equipe da pasta já está em contato com representantes da Prefeitura do Rio e que também já foram recebidos relatos semelhantes de outros municípios do estado.

Na quarta-feira (10), equipes da Prefeitura também se reuniram com representantes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, a Draco, e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, do Ministério Público do Rio.

Nesta quinta (11), o subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz, usou as redes sociais para denunciar que uma empresa entrou em contato com ele se oferecendo para "reverter a situação".

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