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Presidente de museu diz que não vai devolver obras extorquidas de idosa no RJ

Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires afirma que obteve as obras de forma legal e devidamente registrada

Pedro Dobal, Priscila Xavier e Giovana Kebian

Onze obras extorquidas de idosa foram recuperadas da Polícia Civil
Onze obras extorquidas de idosa foram recuperadas da Polícia Civil
Reprodução/Polícia Federal

O presidente do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, Eduardo Constantini, afirma que não vai devolver as duas obras de arte que foram extorquidas de uma idosa de 82 anos em Ipanema, na Zona Sul do Rio.

Em nota, Eduardo diz que adquiriu os quadros "Elevador social", de Rubens Gerchman, e "Maquete para o menu espelho", de Antonio Díaz, de forma legal e devidamente registrada, por intermédio do galerista Ricardo Camargo.

Segundo a Polícia Civil, a viúva do renomado colecionador de arte Jean Boghici, Genevieve Boghici, foi vítima de um golpe de R$ 720 milhões, entre obras de arte, joias e transferências bancárias. A filha da vítima, Sabine Boghici, e outras três mulheres que se passavam por videntes foram presas nesta quarta-feira (10).

De acordo com as investigações, Diana Stanesco, Jaqueline Stanesco e Rosa Stanesco Nicolau fazem parte de uma mesma família de ciganos e aplicavam golpes do tipo há, pelo menos, 20 anos. Segundo o delegado Gilberto Ribeiro, Rosa Nicolau vivia em união estável com a filha da idosa.

De acordo com a polícia, o crime começou no início de 2020, quando a idosa foi abordada pelas videntes, que afirmaram que a filha dela sofria um mal e necessitava de tratamento espiritual. Ao todo, a vítima transferiu R$ 9 milhões de reais para o grupo, que era composto por outros três homens, também integrantes da família cigana.

Quando desconfiou da situação e deixou de fazer as transferências, a idosa foi mantida em cárcere privado pela própria filha dentro do apartamento, onde sofreu ameaças e agressões até abril de 2021. Ela só conseguiu deixar o imóvel após aproveitar a saída da filha para utilizar a chave reserva.

Dezesseis obras de arte foram levadas pelo grupo. Juntas, as obras valem mais de R$ 700 milhões. Joias e três relógios rolex, avaliados em R$ 6 milhões, também foram roubados.

O diretor presidente da Casa de Leilões Bolsa de Arte e amigo da família, Jones Bergamin, conhecido como "Peninha", lembra que, em 2012, a casa da família sofreu um incêndio. Na ocasião, a obra "Samba", de Di Cavalcanti, uma das mais valiosas do país, foi consumida pelas chamas.

Onze foram recuperadas pela Polícia Civil na operação. Somente o quadro "Sol poente", de Tarsila do Amaral, é avaliado por Peninha em R$ 150 milhões na venda imediata.

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