
As quedas são o segundo maior motivo de mortes por acidente entre as pessoas com mais de sessenta anos. Segundo o Ministério Público, o aumento desse tipo de caso em 2022 foi de quase 100%, em comparação com o ano de 2013. De acordo com o levantamento, o número saltou de 4.816 para 9.592 óbitos.
O índice ficou atrás apenas dos idosos que morreram em acidentes de trânsito. Os dados ainda apontaram que 70% dos acidentes acontecem dentro de casa.
A fisioterapeuta especializada em cuidados com idosos, Anne Vieira, explica que o principal foco do tratamento é a prevenção, para evitar que pacientes com idade avançada corram o risco de sofrer algum acidente.
Eu não preciso só tratar depois que o idoso já caiu, eu posso prevenir para que esse idoso não caia. Existem programas de exercícios específicos para isso. A gente trabalha equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico, a própria percepção para que esse idoso não caia. Então a gente trabalhando o corporal para tal condição, evita isso. A gente proporciona qualidade de vida para o idoso através do Pilates. Eu vou trabalhar fortalecimento, condicionamento, coordenação motora, para proporcionar qualidade de vida. Um idoso em movimento não cai igual a um idoso que não está em movimento.
A queda de idosos é a razão de aproximadamente 10% das emergências hospitalares. As ocorrências são as principais causas de fraturas em punho, quadril e coluna vertebral, podendo levar a uma internação prolongada, perda de independência e morte precoce.
A aposentada, Célia Magalhães, de 66 anos, conta que já caiu diversas vezes dentro de casa e uma vez na rua.
Por descuido meu, eu tropecei no paralelepípedo e cai, com isso que eu cai, eu levantei e minha mão já estava quebrada eu fiquei desesperada, meu sobrinho me levantou, eu queria que não tivesse quebrado a mão porque eu fiquei com medo que ia nascer meu neto e eu queria muito ajudar a cuidar do meu netinho que ia nascer, fiquei desesperada e muito preocupada.
De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, estima-se que, a cada 20 idosos que caem, um deles tenha uma fratura ou necessite de internação. Dentre os mais idosos, com 80 anos ou mais, 40% caem a cada ano. Dos que moram em asilos e casas de repouso, a frequência de queda é maior e chega a 50%.
A enfermeira Luiza Helena trabalha na casa de repouso Vila do Sol e fala sobre as práticas que são adotadas no local para prevenir acidentes como esse.
De imediato é feito uma avaliação juntamente com a equipe disciplinar que é composta por fisioterapeuta, por enfermeiro, por médico geriatra, por nutricionista e também por serviço social, onde podemos avaliar essa cognição do idoso. O papel importante é avaliar a prescrição médica, muita das vezes vem com uma receita que pode induzir a queda do idoso.
Uma pesquisa do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) mostrou que os fatores associados às quedas podem ser diversos, como gênero, faixa etária igual ou superior a 75 anos, medo de cair devido a defeitos nos passeios, medo de atravessar a rua, artrite ou reumatismo, diabetes e depressão.
O especialista em Ortopedia e Traumatologia Lourenço Peixoto, alerta sobre as práticas para evitar que essas quedas aconteçam.
Esses indivíduos precisam estar fazendo atividade física para combater a sarcopenia e adquirir melhor equilíbrio. Outra coisa que é importante a gente fazer é visitar o ambiente domiciliar desses indivíduos, ver se não tem tapetes escorregadios, se não usam calçados inadequados, se não há móveis muitos baixos que possam tropeçar no meio da noite. Essas medidas são multiprofissionais para evitar a queda desses indivíduos.
O dia 24 de junho foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde como o Dia Mundial de Prevenção de Quedas em Idosos.