Vai ser enterrado na tarde desta sexta-feira (5) o intérprete Quinho do Salgueiro, que morreu aos 66 anos, por insuficiência respiratória. Voz marcante do carnaval carioca, ele passou mal na noite de quarta (3) e foi levado para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, mas não resistiu.
Desde 2022, Quinho estava afastado dos trabalhos carnavalescos para tratar um câncer de próstata.
Nesta quinta-feira (3), a quadra da escola no Andaraí recebeu fãs, amigos e familiares, que prestaram homenagens ao intérprete. O sepultamento está marcado para às 13h, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador.
O cantor e compositor trabalhou em diversas escolas de samba do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Porto Alegre, mas se consagrou na vermelho e branco.
Depois de uma passagem pela União da Ilha, Quinho assumiu o carro de som do Salgueiro no início dos anos 90 e foi campeão em 1993 puxando o samba Peguei um Ita no Norte, famoso pelo refrão "explode coração".
Em 2009, voltou a conquistar o título com o enredo Tambor.
Ele havia retornado ao Salgueiro em 2018, após passagens por outras escolas, e dividia o microfone com Emerson Dias. O atual intérprete lamentou a partida do colega, mas agradeceu pelas experiências vividas ao lado dele.
"Meu maior mestre, meu professor, meu grande espelho. Comecei a cantar samba-enredo, porque ele me alçou grande posto. Fechamos nosso ciclo na academia de samba do salgueiro seguindo o caminho que ele me lançou. Só tenho a agradecer que enquanto eu estiver à frente da academia do samba sua voz será eternizada.
O carnavalesco do Salgueiro, Edson Pereira, conta que, mesmo afastado para cuidar da saúde, ele fazia questão de participar do cotidiano da escola.
O também intérprete Neguinho da Beija-Flor reforçou que ele era uma das maiores referências no Carnaval.
"Amigo de vários carnavais, de longa data, a voz que é uma das maiores referências do Carnaval, do maior espetáculo audiovisual do planeta. Nosso Quinho do Salgueiro, que Deus o tenha. É difícil, mas temos que aceitar."
Pelas redes sociais, o Salgueiro destacou que a ligação de Quinho com a escola transcendeu os limites da música e do Carnaval e afirmou que ele não era apenas um cantor, mas um poeta que traduzia em notas a essência da agremiação.
União da Ilha, São Clemente, Rosas de Ouro e Unidos de Vila Maria, escolas por onde Quinho passou, também postaram homenagens a um dos mais respeitados intérpretes do Carnaval brasileiro.
A Rosas de Ouro, onde ele trabalhou em 2000, ressaltou que ele era uma lenda do Carnaval. Já a Unidos de Vila Maria lembrou que Quinho teve passagens pela escola entre 2008 e 2012 e disse que a comunidade está triste com a partida.
O diretor de marketing da Liga Independente das Escolas de Samba, Gabriel David, classificou o intérprete como um artista genial da cultura popular brasileira e afirmou que ele deixa um legado eterno.
A rainha de bateria do Paraíso do Tuiuti, Mayara Lima, disse que a voz de Quinho já está eternizada no Carnaval.