Nona candidata a participar de sabatina no Jornal BandNews Rio - 3ª Edição com o âncora Carlos Andreazza, Juliete Pantoja (UP), garantiu romper os contratos públicos-privados da Prefeitura do Rio e implementar uma empresa pública para operar o transporte coletivo no Rio de Janeiro. Além disso, a candidata afirmou ser contra ao armamento da Guarda Municipal e prometeu política adequada de habitação nas regiões afetadas pelas enchentes na cidade.
Carlos Andreazza questionou Juliete Pantoja sobre a primeira iniciativa que será tomada por ela, caso seja eleita. Pantoja afirmou que a prioridade da gestão em um primeiro momento é criar uma política em que a população seja ativa na gestão. A candidata acrescentou que uma das principais medidas é acabar com as parcerias público-privadas na saúde e romper os contratos do município com as organizações sociais.
Existe um problema que não é só do Rio de Janeiro, é da maioria das cidades. Que quem manda nas cidades, quem governa hoje as cidades são os grandes empresários e isso não é diferente no Rio de Janeiro. Hoje são os empresários que comandam a saúde, são os empresários que comandam o transporte coletivo e cada vez mais entrando em outras, diversas necessidades básicas do nosso povo: educação e por aí vai. Então é necessário que a Prefeitura ela tome posse de verdade e ela governe de verdade, diretamente, que é sua responsabilidade em governar. E isso, claro, com participação popular. Nossa proposta é conseguir fazer com que o povo de fato governe. A gente precisa ter participação popular para que as pessoas decidam os rumos da cidade: pra onde vai o orçamento, qual vai ser a prioridade. A gente não vive em uma cidade nenhum pouco que passa grandes dificuldades, nós vivemos em uma das maiores cidades do país, com orçamento de mais de R$ 42 bilhões de reais por ano, mas que esse dinheiro não chega pra gente. Então, eu diria que a nossa primeira proposta é por fim a essas parcerias público privadas na saúde, romper esses contratos com as OS, realizar concursos públicos para a saúde, para a saúde realmente ter investimento e ser administrada diretamente, estabelecer os conselhos populares para que a população possa não só acompanhar, fiscalizar, mas também atuar diretamente na elaboração da política pública, seja ela para a saúde ou diversos outros setores e a gente garantir essa participação. Existe também formas muito importantes e são mecanismos pouco utilizados de participação popular que são os plebiscitos, referendos que fazem com que a população possa decidir sobre os rumos da cidade e isso é também o que nós queremos implementar para maior participação popular.
Pantoja também foi perguntada sobre suas propostas para solucionar as enchentes que atingem a região de Acari, na Zona Norte. Em resposta, a candidata afirmou que para resolver o problema é necessário investimento mais adequado no local e um programa de políticas públicas de habitação mais adequadas.
Eu não só estou fazendo campanha na Zona Norte, em Acari, como no dia seguinte da enchente, a maior enchente da história de Acari, eu estava lá. Eu junto com o movimento de luta nos bairros, vilas e favelas, o MLB, fomos um dos primeiros a chegar porque a gente recebeu muitas mensagens e ligações ainda na madrugada de muitas pessoas que moram em Acari que estavam completamente aterrorizadas. Imagine um beco onde a água ultrapassou o tamanho de uma pessoa em pé. A água chegou ao segundo andar de casas, no meio da madrugada, com idosos, com crianças, com pessoas que moram ali naquele bairro, naquela região e que foram despertadas no meio do terror da enchente. Nós de madrugada já recebemos muitas ligações e chamados das pessoas que moram ali porque nós temos um núcleo de movimento de moradia que atua nessa comunidade, nessa favela e nós fomos pra lá no dia seguinte. O poder público chegou novamente, muito depois da gente com soluções paliativas é claro que em um primeiro momento você precisa acolher as pessoas, garantir que elas tenham alimentação e tudo mais, nem isso o poder público fez. A gente precisa de investimento ali o ano inteiro, as pessoas precisam de moradia digna sempre. Então quando a gente vai falar de Acari, nós temos que ter a noção de que é necessário que o saneamento básico entre, que a qualidade daquelas moradias seja de fato investimento que a prefeitura precisa fazer porque só os moradores não vão conseguir. É necessário construir mais moradias e eu estou falando aqui de uma pessoa que durante 14 anos fez parte do movimento de moradia com muito orgulho e sei que uma das formas da gente conseguir dignidade é também tendo acesso a moradia. A gente tem na cidade do Rio de Janeiro hoje só de imóveis do INSS, 1.840 que estão completamente sem cumprir nenhuma função social para o INSS. Esses imóveis poderiam ser revertidos em moradia popular. O problema é que a prefeitura não tem nenhum programa de moradia popular. Na prática, hoje, a prefeitura abre mão dessa discussão e deixa apenas para o Governo Federal através do Minha Casa, Minha Vida, mas isso é uma questão que nós queremos assumir.
Sobre uma proposta para os transportes do município, a candidata afirmou que o projeto é em um primeiro momento criar uma empresa pública parar gerir os modais para reduzir o preço das passagens e após a medida, em um curto período de tempo zerar a tarifa na cidade.
Primeiro, a minha perspectiva é de uma pessoa que usa o serviço público. E aí quando eu vou falar de transporte, é importante dizer que hoje o transporte coletivo no Rio de Janeiro é um transporte caro, de péssima qualidade porque eu também uso esse transporte coletivo. E ele é isso porque ele é privatizado. Hoje, o transporte coletivo está na mão das empresas privadas que oferecem um péssimo serviço e lucram muito, só as quatro principais empresas de transporte do Rio de Janeiro lucraram no ano passado R$2,5 bilhões de reais. É muito dinheiro a custo de um transporte de péssima qualidade. Nós queremos realizar uma empresa pública, garantir que a gente tenha uma empresa pública de transporte para reduzir a tarifa e garantir em um pequeno espaço de tempo a tarifa zero. São mais de 100 cidades no Brasil que já tem tarifa zero, isso é uma possibilidade. Garantindo que a gente crie em um primeiro momento, que o estado invista 5% do seu orçamento e garanta essa empresa pública com tarifa zero e em um segundo momento com o fundo municipal de habitação e de mobilidade urbana que vai garantir também as condições para a continuidade da tarifa zero.
O âncora Carlos Andreazza também indagou a candidata sobre seu posicionamento em relação ao armamento da Guarda Municipal e sobre uma possível extinção da corporação em sua gestão. Pantoja afirmou que é contra ao armamento dos agentes e que a proposta é que órgão atue de forma cidadã e não de uma maneira militarizada.
Claro que existiria, mas existe uma questão que é fundamental o modelo de segurança pública que nós temos hoje, herança da própria ditadura militar, do seu formato, como foi estabelecido até hoje que é um formato de perseguir trabalhadores, de perseguir a população pobre. Ele já se mostrou que é completamente ineficiente porque há mais de 50 anos que a gente vive num Estado que implementa esse tipo de política e o que a gente vê? Não é a violência diminuir, pelo contrário, ela só aumenta. A política do confronto, das operações policiais, ela não vai resolver o problema da segurança pública. Se a gente não pensar que é fundamental entender que a política pública de educação, do acesso ao lazer, saúde e tudo que nos diz respeito e não só o braço armado nas comunidades, na cidade, nas periferias de forma geral. Se a gente não pensar que tudo isso é também um plano pra garantia de segurança pública. Então a forma com que é feita hoje que é cada vez mais armamento, cada vez mais confronto, cada vez mais bala achada, que ela acha sempre os mesmos trabalhadores e trabalhadoras, a juventude preta e periférica das comunidades. Então, nós somos contra esse modelo que está colocado hoje e a gente entende que o armamento da Guarda Municipal é a continuidade desse modelo, é a militarização cada vez mais da Guarda Municipal fazendo com que ela cumpra com esse único objetivo de perseguir trabalhadores e trabalhadoras, quando na verdade a GM necessita de conseguir ajudar na ordem da cidade, mas de que maneira? ela não vai ser colocada pra atuar contra os trabalhadores informais, pelo contrário, ela vai ser uma guarda cidadã que vai dentro da cidade conseguir cumprir com esse papel junto a população pobre, população periférica nos grandes centros para conseguir ordenar a cidade de uma forma cidadã e não de uma forma militarizada.
Questionada sobre o conceito e distinção da Unidade Popular em relação aos outros partidos de esquerda. Pantoja afirmou que a UP foi criada pela necessidade das pessoas de ocuparem um espaço na política como uma esquerda popular e de periferia.
A Unidade Popular é um partido muito recente. Nós legalizamos a UP em 2019 a partir de uma coleta de assinaturas com mais de 1,5 milhão de assinaturas de toda parte do nosso país de pessoas que não se sentem representadas pela política e que queriam ter um partido seu, um partido forjado nas lutas populares, da juventude, dos trabalhadores, das mulheres. Então esse partido já nasce de uma necessidade de poder ocupar um espaço na política de fato de uma esquerda popular, de uma esquerda de periferia, de uma esquerda dos bairros pobres, de uma esquerda dos trabalhadores e que tenha um compromisso com o programa histórico da nossa classe. Então, o nome do nosso partido é Unidade Popular pelo Socialismo porque nós entendemos também que somente um outro sistema econômico, de uma outra forma é necessário para que a gente consiga viver de fato de uma forma plena. Então, eu como uma mulher socialista ajudei a construir esse partido, sou uma das fundadoras dele e hoje o nosso partido está presente em diversos estados em quase todos os estados do nosso país e tem feito já um trabalho bastante importante de para além do processo eleitoral fortalecer as lutas dos trabalhadores a todo tempo. Então na luta das greves, dos trabalhadores, na luta de moradia dentro das ocupações, na luta contra a violência às mulheres. É um partido realmente que está na luta para além desses 45 dias de campanha e que agora apresenta suas candidaturas no processo eleitoral.
A sabatina foi realizada ao vivo no jornal especial BandNews Rio - 3ª Edição, nesta segunda-feira (16). Com a entrevista, a BandNews FM encerra as sabatinas com a presença de todos os candidatos à Prefeitura do Rio. Participaram da entrevista Alexandre Ramagem (PL), Eduardo Paes (PSD), Rodrigo Amorim (União Brasil), Carol Sponza (NOVO), Tarcísio Motta (PSOL), Cyro Garcia (PSTU), Henrique Simonard (PCO) e Marcelo Queiroz (PP).