Mais da metade do território do Rio é controlado por milícias e um quarto está sob influência do tráfico de drogas. Apenas 2% do território segue fora do domínio de milicianos ou traficantes.
Os dados, que revelam a falta de capacidade da forças de segurança de proteger a população da ação dos criminosos, são do Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro, elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF e pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP, em parceria com o Fogo Cruzado, a plataforma digital Pista News e o Disque-Denúncia.
Para especialistas, a questão do controle territorial é considerada essencial para entender a segurança pública, um dos principais desafios para o próximo governador. O antropólogo e capitão veterano do Bope Paulo Storani afirma que milícia e tráfico têm adotado estratégias cada vez mais semelhantes.
Nos últimos dois anos, o estado registrou três das quatro operações policiais mais letais da história. Segundo o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, a polícia do Rio também foi a que mais matou e a que mais morreu no ano passado, cenário que se repete ano após ano. Foram 1.356 mortes decorrentes de intervenção policial e 64 policiais mortos. O estado também reúne o maior número absoluto de mortes violentas intencionais do país.
A cientista social e coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, Silvia Ramos, afirma que a queda da letalidade e o efetivo combate à criminalidade só são possíveis por meio do investimento em inteligência.
Desde 2014, a Operação Segurança Presente tem sido a grande aposta do Governo para reforçar o patrulhamento e reduzir os índices de criminalidade no estado. Expandir o programa e manter os bons resultados é um desafio do próximo governante.
Já para as comunidades, o Governo do Estado lançou, em janeiro, o programa Cidade Integrada, com a promessa de reocupar e levar serviços a comunidades, numa proposta que remete ao modelo das Unidades de Polícia Pacificadora, que começaram a ser implantadas em meados de 2008. Na análise do antropólogo Paulo Storani, porém, os erros que levaram à falência das UPPs não podem ser esquecidos.
A cientista social Silvia Ramos vai além e diz que é preciso uma mudança estrutural dentro das corporações.
Seguindo a tradição, o Grupo Bandeirantes de Comunicação realiza neste domingo o primeiro debate entre os candidatos ao Governo do Estado.