Setor de Serviços registra recuo de 0,9% em agosto

A retração chega após três meses de aceleração

Por João Videira (sob supervisão)

Setor de Serviços registra recuo de 0,9% em agosto
Essa é a maior queda desde abril de 2023, quando o setor registrou retração de 1,7%
Agência Brasil

O volume de serviços prestados no País registra recuo de 0,9% em agosto. A retração chega após três meses de aceleração. O setor, que representa 70% do PIB brasileiro, está 11,6% acima do nível de fevereiro de 2020 - pré-pandemia - e 1,9% abaixo de dezembro de 2022 - auge da série histórica. O desempenho foi puxado, sobretudo, pela diminuição no volume dos transportes. 

Essa é a maior queda desde abril de 2023, quando o setor registrou retração de 1,7%. O resultado vem abaixo do consenso de mercado, que esperava aceleração de 0,4% no mês.

Segundo os analistas, a retração pode ser explicada pela redução do fôlego de consumo, tanto na parte de serviços ligados a rendas maiores, como nos serviços mais básicos. Além disso, a surpresa negativa foi influenciada pelo desaquecimento nos transportes de carga e portuário.

Com a maior influência no resultado, o grupo de transportes registrou taxa negativa em todos os modais: terrestres, aquaviário, aéreo e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio. Por tipo de uso, o volume do transporte de cargas recuou 1,2% em agosto de 2023, após ter avançado 5,7% entre maio e julho.

A informalidade no setor é uma agravante para a instabilidade no setor. O caminhoneiro Lúcio Lima, que roda com dois veículos, relata que abandonou o antigo trabalho em uma transportadora e agora percorre o País com um amigo firmando contratos diretamente com os compradores, mas sem garantia fixa.

Pela transportadora ela pagava R$ 6 mil por cada caminhão. Direto com os caras, eles pagam R$ 18 mil. Aí comiam R$ 6 mil por cima da gente, em um simples frete desses, conta.

A retração do setor foi acompanhada por outras três atividades, das cinco pesquisadas: prestados às famílias (-3,8%); de informação e comunicação (-0,8%); e dos outros serviços (-1,4%). Em sentido oposto, os serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7%) foram o único avanço do mês. 

A colunista de economia da BandNews FM, Juliana Rosa, destaca os desafios internos para sustentação da economia, mas pondera que alguns programas podem auxiliar no consumo.

Nesta segunda metade do ano a gente tem ainda uma expectativa de redução de endividamento com o Desenrola, a queda de juros, o pagamento das dívidas podendo sustentar o fôlego de consumo, a inflação. Ao mesmo tempo você vê que a gente tem um desafio grande, um trabalho interno, de poder abrir espaço para que os juros continuem caindo, para que a economia continue se sustentando depois de um período longo de juros altos, de muitas dívidas acumuladas, afirma a colunista.

Regiões

Dos 26 estados brasileiros, 19 registraram retração no volume de serviços em agosto de 2023, na comparação com o mês anterior, acompanhando o resultado nacional. As maiores taxas negativas foram registradas em São Paulo, Minas Gerais e na Bahia. No sentido oposto, as contribuições positivas vieram de Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. 

Mais notícias

Carregar mais