Apenas 13,8% dos cabos furtados da SuperVia são recuperados pela Polícia Militar em oito meses de atuação da Força-Tarefa criada pelo Governo do Estado. Os dados foram obtidos pela BandNews FM por meio da Lei de Acesso à Informação e compreendem o período de lançamento do programa, em setembro do ano passado, a abril deste ano, quando foi feita a solicitação pela reportagem.
A principal novidade anunciada para reforçar o combate ao furto de cabos na malha ferroviária foi o patrulhamento noturno pela Polícia Militar com o uso de drones e helicópteros, mas no período só 30 sobrevoos foram feitos com a aeronave da corporação tendo essa finalidade: uma média de um voo a cada sete dias.
Dos mais de R$ 600 mil gastos com combustível para aeronaves de setembro a março, somente 20 mil serviram para policiar as estações e trilhos. A PM afirma que o emprego dos helicópteros caiu consideravelmente por causa da pandemia, mas na comparação com o mesmo período entre 2019 e 2020 houve aumento de 190% do valor empregado para abastecê-los.
Entre 1º de setembro de 2021 e 30 de abril de 2022, a SuperVia registrou o furto de mais de quase 18.700 metros de cabos, mas pouco menos de 2.600 foram apreendidos em flagrantes feitos pela PM.
No período foram furtados pelo menos 10 circuitos track (um dispositivo elétrico), 17 placas de apoio, 28 relés (espécie de interruptor), 150 grampos de fixação e 214 parafusos Tirefond, usados nos trilhos. A PM recuperou apenas seis placas, dois grampos e 38 parafusos. Entre as apreensões também estão 54 ferramentas, 30 componentes eletrônicos, 15 chapas de ferro, um retensor e uma canaleta.
Enquanto isso, os passageiros continuam sofrendo com problemas com os trens, que segundo a SuperVia, são causados na maior parte das vezes pelo furto de cabos. Desde o dia 29 de junho, por exemplo, a concessionária divulga diariamente que os ramais Santa Cruz, Japeri e Saracuruna, no trecho Central-Gramacho, estão com intervalos irregulares por causa do crime. A exceção foi o último dia 4, mas apenas no ramal Santa Cruz.
O antropólogo e coronel da reserva da PM Robson Rodrigues acredita que para evitar os furtos no sistema de trens é preciso mais coordenação entre as instituições.
Em abril, a PM iniciou uma nova operação dessa vez para retomada do controle de doze estações consideradas perdidas para o crime organizado. A Polícia Civil passou a mapear os revendedores de materiais furtados. Documentos do Estado mostram que o Governo quer criar um novo grupo de trabalho para implementar outro programa de segurança no sistema de trens. A SuperVia disse que em junho veículos rodoferroviários reforçariam o combate aos furtos, mas não respondeu se a medida já foi colocada em prática.
Procurada, a Polícia Militar disse que está intensificando as ações estratégicas da força-tarefa e que nos últimos seis meses foram feitas 150 prisões e 216 operações e que quase meia tonelada de materiais foi recuperada.
