Notícias

Assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado também era alvo dos executores

Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, Domingos Brazão e Chiquinho Brazão exigiram aos assassinos a morte da assessora de Marielle para assegurar que não houvesse testemunhas do crime.

Por Pedro DobalFernanda Caldas

  • facebook
  • twitter
  • whatsapp
  • facebook
  • twitter
  • whatsapp
As mortes de Marielle e Anderson completaram seis anos no dia 14 de março
Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio

A assessora da vereadora Marielle Franco, que estava no mesmo carro em que a parlamentar e o motorista Anderson Gomes foram mortos em 2018, também era alvo dos mandantes do crime. Fernanda Gonçalves Chaves foi a única sobrevivente do atentado.

A informação consta na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal na terça-feira (7).  

Segundo o documento, Domingos Brazão e Chiquinho Brazão exigiram aos assassinos a morte da assessora de Marielle para assegurar que não houvesse testemunhas do crime.

Ainda na denúncia, o assessor de Domingos Brazão preso nesta quinta-feira (9), Robson Calixto Fonseca, é apontado como um dos intermediários entre os mandantes e os executores do crime. Robson foi encontrado dentro de casa, no Recreio, na Zona Oeste do Rio.

As investigações apontam que ele intermediou a primeira reunião entre o policial reformado Ronnie Lessa, que fez os disparos, e os irmãos Brazão. Robson é apontado pelos investigadores como miliciano, com atuação na região da Taquara, na Zona Oeste, e chegou a ser alvo de busca e apreensão durante a operação de março.

Nesta quinta-feira (9), os policiais também cumpriram um mandado de prisão contra o policial militar Ronald Alves de Paula, conhecido como Major Ronald, que já estava em um presídio federal em Campo Grande.

Segundo a PF, ele ajudou a levantar informações sobre a rotina de Marielle e avisou os comparsas sobre a presença da vereadora em um evento na Casa das Pretas, na Lapa, último local onde ela esteve antes de ser assassinada.

De acordo com a investigação, Ronald ainda seria o responsável por implementar a "infraestrutura e a urbanização" dos terrenos que seriam entregues a Ronnie Lessa como recompensa pelo assassinato. O PM já foi preso acusado de fazer parte da milícia que atua em Rio das Pedras, na Zona Oeste.

Em março deste ano, Domingos Brazão, Chiquinho Brazão, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa foram presos em uma operação da Polícia Federal.

Os cinco alvos das operações realizadas em março e nesta quinta-feira (9) foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República.

Devem responder pelo crime de homicídio Chiquinho Brazão, Domingos Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa e o Major Ronald. Já o crime de integrar organização criminosa foi atribuído aos irmãos Brazão e ao assessor Robson. A denúncia ainda precisa ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal.

O advogado Marcelo Ferreira, que defende Rivaldo Barbosa, pede que ele seja ouvido pelos investigadores.

As mortes de Marielle e Anderson completaram seis anos no dia 14 de março. Além dos cinco denunciados nesta fase das investigações, outras quatro pessoas também estão presas por envolvimento no crime.  

O policial reformado Ronnie Lessa confessou que fez os disparos e o ex-PM Élcio Queiroz admitiu que dirigiu o carro usado no assassinato. O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa é suspeito de monitorar a rotina de Marielle, participar de uma tentativa frustrada de execução e ajudar no sumiço de provas e o mecânico Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, teria feito o desmanche do veículo.

A defesa de Ronald Alves de Paula disse que foi surpreendida pela inserção dele no processo, já que o inquérito da Polícia Federal teria afirmado que não havia elementos que corroborassem a participação dele no crime. A defesa afirmou ainda que, assim que tiver acesso ao processo, vai trazer provas que refutam as acusações.

Em nota, a defesa de Domingos Brazão afirmou que foi informada pela imprensa, sobre o oferecimento de denúncia relacionada ao homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes e que ainda não teve acesso à acusação. No entanto, afirma que não foram apresentadas provas que sustentem a denúncia.

Tópicos relacionados

  • facebook
  • twitter
  • whatsapp

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.