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Testemunhas dizem que idoso ainda estava vivo no caminho até banco em Bangu

O corpo de Paulo Roberto Braga foi levado a uma agência bancária por uma parente para a retirada de um empréstimo

Por Marcus SadokClara NeryFernanda CaldasGabriela Souza

Érika Souza estava com cadáver em banco para sacar empréstimo
Érika Souza estava com cadáver em banco para sacar empréstimo
Reprodução

O motorista de aplicativo que transportou um idoso e a mulher que o levou já morto até um banco disse que o homem ainda estava vivo durante a viagem. De acordo com o depoimento dele, Paulo Roberto Braga chegou a segurar na porta do carro, ao ser retirado do veículo.

Ainda segundo o motorista, o idoso foi colocado no carro na porta da casa dele por Érika de Souza Vieira Nunes, parente de Paulo, e por um mototaxista que costumava fazer viagens com a mulher. Também em depoimento, o motociclista disse que Paulo foi retirado da cama deitado e colocado no carro.

A Polícia Civil aguarda os resultados de exames toxicológicos para concluir o que pode ter levado à morte o idoso. O laudo de necropsia apontou que Paulo Roberto Braga morreu após ter broncoaspirado o conteúdo estomacal e por falência cardíaca.

Em depoimento, um médico do SAMU que atendeu o idoso disse que não forneceu uma declaração de óbito, por suspeita de intoxicação exógena.  

De acordo com as informações do perito da Polícia Civil, não foi possível determinar a hora exata que o idoso morreu, mas o óbito deve ter acontecido entre 11h30 e 14h30 de terça-feira (16).

Imagens de câmeras de segurança de um shopping mostram o momento que Érika tirou Paulo do carro de aplicativo e o colocou em uma cadeira de rodas, a uma da tarde. Depois, ela passeou com ele pelos corredores do estabelecimento. Ainda segundo o depoimento do médico do SAMU, ele foi acionado por volta das 15h. O serviço foi chamado por funcionários do banco, que fica em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Foi constatado que Paulo estava morto há cerca de duas horas, por causa de livores cadavéricos.

O idoso de 68 anos foi levado por Érika para o banco para que fosse realizado um empréstimo no nome dele no valor de R$ 17 mil. 

Ainda de acordo com as investigações, Paulo Roberto Braga tinha livor cadavérico, ou seja, acúmulo de sangue, na nuca, o que pode indicar que ele morreu deitado e, portanto, antes de ter sido colocado na cadeira de rodas. Lojistas do calçadão de Bangu que viram Érika carregando o idoso afirmaram que ele já parecia estar morto.

Imagens gravadas de dentro do banco por funcionários mostram Érika segurando a cabeça de Paulo e pedindo que ele assinasse os documentos para o empréstimo.

Em depoimento, o gerente da agência bancária disse que, ao perceber que Paulo não estava bem, disse que seria necessário que a assinatura no papel fosse feita igual à do documento de identidade do idoso. O funcionário afirmou ainda que o idoso não respondeu e que estava com aspecto pálido. Diante da situação, o SAMU foi acionado. 

O idoso foi levado até a agência um dia depois de ter recebido alta médica da Unidade de Pronto Atendimento de Bangu. Ele tinha dado entrada na unidade no dia 8 de abril com quadro de infecção pulmonar.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Fábio Souza, os funcionários da UPA serão ouvidos caso haja necessidade. A Polícia já solicitou o prontuário médico da vítima.

A Polícia também investiga se Érika, que está presa, tem envolvimento na morte do idoso e se contou com a ajuda de outras pessoas.

Documentos apontam que Érika era prima de Paulo, mas ela afirma que há um erro na documentação e que, na verdade, é sobrinha dele. 

A mulher já foi transferida para o Presídio José Frederico Marques, porta de entrada do sistema penitenciário do Rio, em Benfica, na Zona Norte.