Um a cada cinco endereços do Brasil não têm número. A informação, divulgada nesta sexta-feira (14) pelo IBGE, faz parte do Censo 2022.
Os dados mostram que 22,8% dos cerca de 106,8 milhões de endereços do país não têm numeração definida. Além disso, cerca de 34 milhões de novos endereços foram incluídos no Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos durante o levantamento. O cadastro foi criado pelo instituto em 2005.
De acordo com o levantamento, são cerca de 72 milhões de endereços situados em ruas, 10 milhões em avenidas e pouco mais de 7 milhões em estradas. Travessas, sítios, alamedas e fazendas também estão entre os principais tipos de logradouros.
Ainda segundo o IBGE, existem 2,7 milhões de endereços em ruas sem nome, fator que pode ser considerado um problema, já que o endereço também é um indicador de cidadania, como explica o professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio, Vitor de Pieri.
Você não ter logradouro, possivelmente, é muito em função dessa carência, dessa inércia do poder público e desse crescimento desordenado das cidades no país. A cidadania realmente é abalada. Uma vez que a pessoa não tem um logradouro definido, ela deixa de desfrutar de direitos civis, políticos, sociais, e deixa de exercer plenamente a cidadania.
Goiás é o estado com mais endereços sem numeração, seguido por Bahia e Minas Gerais. Rio de Janeiro e São Paulo completam o top-5.
Ainda de acordo com os dados do Censo, o país tem 3,3 milhões de endereços com a palavra "São" ou "Santa". Cerca de 171 mil têm a palavra "brasil". 13,3 milhões de endereços do país estão em condomínios.
O professor Vitor de Pieri destaca, também, que o levantamento do Censo é importante para auxiliar as autoridades no planejamento de ações.
O objetivo final dele (do Censo) é contribuir com o planejamento e acompanhar o crescimento da população e a expansão dos centros urbanos e rurais. Então, você tendo o Censo, ele demonstra, ele explicita questões que deveriam ser corrigidas. O Censo surge muitas vezes para corrigir questões que impactam na vida dos cidadãos.
Na publicação feita nesta sexta (14), o IBGE destacou que havia antecipado a divulgação dos microdados do cadastro de endereços para auxiliar os órgãos governamentais no enfrentamento das inundações no Rio Grande do Sul. As informações também foram utilizadas para apoiar a estratégia de atuação de órgãos governamentais em outras ocasiões, como no desastre ambiental de Brumadinho, em Minas Gerais, em 2019.