União dos Cegos no Brasil é alvo de denúncias de irregularidades em contas

Caso foi denunciado ao Ministério Público do Rio; o Presidente da União nega acusações

Por Guilherme Faria

União dos Cegos no Brasil é alvo de denúncias de irregularidades em contas
O tema é alvo de denúncia feita ao Ministério Público do Rio de Janeiro
Reprodução

Membros do Conselho Deliberativo da União dos Cegos no Brasil denunciam irregularidades na prestação de contas da instituição e uso indevido de recursos por parte da atual gestão. O tema é alvo de denúncia feita ao Ministério Público do Rio de Janeiro.

A reportagem da BandNews FM teve acesso a documentos que mostram gastos do presidente Michael Resende entre abril e setembro de 2024 com despesas pessoais, como plano de saúde e seguro veicular, além do pagamento de valores a voluntários da instituição.

Os dados foram apresentados em uma assembleia realizada no fim de janeiro, quando as inconsistências foram questionadas por conselheiros, como explica a presidente do Conselho Deliberativo, Miriam Abreu.

E aí vão, assim, uns gastos absurdos como um plano de saúde para ele, e ele diz claramente 'gente, olha, eu não recebo nada para trabalhar como presidente da União, então, assim, eu estou pagando um plano de saúde para mim, um plano de saúde para a minha família', um seguro de saúde para a gente, seguro do meu carro, seguro do carro do voluntário, e fora salário de voluntário. Eu não sei se você já ouviu falar de voluntário que recebe salário, mas enfim, é isso.

Miriam ressalta que a ação vai contra um dos artigos do estatuto da organização, que afirma que a União não remunera nem concede vantagens ou benefícios a diretores, voluntários e outros parceiros pelos cargos e funções que exercem.

Diretoria, presidente da instituição, diretores, presidente do conselho, conselheiros e sócios efetivos. Todos esses trabalhos, todas essas junções são voluntárias. A gente não recebe absolutamente nada por isso, ou não deve receber, pelo menos. O estatuto é bem claro.

Procurado, Michael Resende negou as acusações. O presidente da União dos Cegos do Brasil afirmou que os valores citados já foram devidamente esclarecidos junto ao Conselho e que ele possui, atualmente, um contrato firmado com a União para a prestação de serviços na área tributária, visando resgatar impostos pagos de forma indevida pela entidade, com percentual em caso de efetivação. Segundo ele, os honorários do contrato têm sido destinados à quitação de despesas como plano de saúde, medicamentos e outros itens.

Os funcionários também denunciam que dois colaboradores teriam sido demitidos após cobrarem um posicionamento da presidência com relação às inconsistências apresentadas pelo Conselho.

Roberto Paixão foi um deles. Ele recebeu a notícia da demissão por um aplicativo de mensagens dias depois de questionar a situação.

E ontem eu fui lá na sede da União, e lá eles me passaram um artigo da CLT, justificando para me mandar embora, e eu perguntei qual dessas ações aqui eu cometi. Ele não soube explicar qual delas, não me disse qual delas, só colocou lá o artigo e justificando a minha demissão por justa causa.

Em nota, a União dos Cegos no Brasil negou que as demissões tenham sido causadas pelas cobranças e afirmou, sem dar detalhes, que dois funcionários foram desligados por descumprirem o estatuto da instituição. Michael Resende também afirmou que protocolou uma solicitação junto ao Ministério Público para realizar uma auditoria nas contas da entidade.

Fundada em 1924, a União dos Cegos no Brasil é uma organização não governamental voltada para pessoas com deficiência visual e tem funcionários atuando em diferentes órgãos do Rio de Janeiro.

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