
Intenso e dedicado na frente e atrás das câmeras. Assim, amigos e colegas de profissão descrevem o apresentador Léo Batista, que morreu neste domingo (19), aos 92 anos. Ele lutava contra um câncer no pâncreas.
O ícone do jornalismo esportivo brasileiro participou de momentos inesquecíveis da sociedade e do esporte, ao longo de mais de setenta anos de carreira.
Em conversa com a BandNews FM, o narrador Luis Roberto falou com carinho sobre o amigo e afirmou que a história dele se mistura à história da televisão brasileira.
"O Léo Batista é uma escola. O Léo criou uma escola mesmo, notadamente na televisão, ele trabalhou no rádio, enfim, tem outras atividades antes de chegar na televisão... E ele quando vai para a TV Globo, ele é a própria história da TV Globo e do esporte da Globo, o Léo gravou pilotos, como a gente fala na linguagem da televisão, que é aquele experimento antes de ir para o ar, antes da TV Globo ir para o ar. O Léo é a própria história do esporte na televisão. A história da televisão no esporte e da própria televisão do Brasil se mistura com a história do Léo Batista"
Foi Luis Roberto quem criou o bordão "voz marcante" para se referir a Léo Batista. O narrador conta que tudo começou durante a transmissão de uma partida de futebol na TV Globo.
"O Léo entrava com a narração dos gols dos outros jogos, notícias de outros esportes ali no intervalo, enfim. E naquela altura a gente não usava muitos bordões na televisão, né? No caso do Léo, a voz do Léo chama a atenção. Um dia, no intervalo, quando chamei, chamei o Léo de voz marcante da televisão brasileira. E aí o pessoal que estava na coordenação, os colegas da coordenação, falaram 'legal isso aí, dá para usar, vamos usar mais' e tal. Ele gostou, brincou comigo, todo mundo começou a brincar com ele a respeito, e ficou!"
Com a voz marcante, Léo Batista apresentou programas que estão no ar até os dias de hoje e participou da cobertura de 13 edições de Jogos Olímpicos e Copas do Mundo. Os amigos lembram que Léo tinha muitas histórias para contar e estava sempre disposto a conversar. Eles o caracterizam como uma pessoa doce e intensa.
O narrador José Carlos Araújo, o Garotinho, trabalhou com Léo Batista no rádio e na televisão. Garotinho descreveu o apresentador como um profissional completo e falou sobre a última vez em que se encontraram, no Estádio Nilton Santos, no dia em que Léo foi homenageado.
"Vai deixar muita saudade. A última vez que nos cruzamos foi no Engenhão, quando ele foi lá visitar, ser homenageado pelo Botafogo, com uma cabine com o nome dele, ele foi lá rever, conhecer a cabine de novo. E ele deixou saudade com essa voz marcante"
Botafoguense de coração e sócio do clube desde 1992, o ícone do jornalismo esportivo brasileiro foi homenageado pelo Glorioso e teve uma cabine do Estádio Nilton Santos batizada com o nome dele.
O comentarista da BandNews FM Álvaro Oliveira Filho destaca o legado do apresentador.
"O Léo Batista é da época que o jornalismo esportivo tinha monstros sagrados. Ele talvez seja um dos últimos monstros sagrados do jornalismo esportivo brasileiro. Ele foi o jornalista que primeiro anunciou a morte do Getúlio Vargas, o suicídio do Getúlio Vargas, e depois coube a ele a tarefa ingrata de anunciar a morte do Ayrton Senna, em 1994"
O velório do apresentador está marcado para a tarde desta segunda-feira (20), na sede do Botafogo em General Severiano, na Zona Sul do Rio. Ainda não há informações sobre o sepultamento.