Passista mirim da Portela é vítima de racismo nas redes sociais

O caso aconteceu após o ensaio de rua da escola de samba da Zona Norte do Rio

Por João BoueriMayara Rocha (sob supervisão)

Passista mirim da Portela é vítima de racismo nas redes sociais
Passista mirim da Portela vítima de racismo nas redes sociais
Divulgação

A mãe da passista mirim da Portela vítima de racismo nas redes sociais afirma que a família inteira ficou abalada com o ataque e que a criança de oito anos leu as mensagens. O caso aconteceu após o ensaio de rua da escola de samba da Zona Norte do Rio no último domingo (12). A Polícia Civil abriu investigação.  

Durante o evento, um site carnavalesco fez uma gravação com a passista mirim. A publicação foi alvo de insultos nas redes sociais. Em um dos comentários, uma mulher chega a comentar que "a menina caucasiana tem que dançar na frente", se referindo também a uma criança branca que estava atrás da vítima. A internauta ainda chega a falar pra passista mirim ir para trás para se acostumar.  

A mãe da passista, Carla Beatriz Conceição de Oliveira, de 48 anos, disse que outras pessoas começaram a ver a publicação, no momento em que houve mais ataques proferidos pela usuária das redes sociais.  

Ela recebeu esse ataque racista, dizendo que ela não deveria estar à frente de uma outra criança, que era branca, caucasiana, ela deveria se acostumar a vir atrás, porque sempre será assim. Isso me incomodou. Eu respondi que não estava entendendo. E daí outras pessoas viram também e começaram a questionar essa conta, essa pessoa, dessa conta. E daí foram feitos mais ataques. Essa pessoa começou a dizer que realmente ela deveria vir atrás e que as brancas sempre vêm à frente, que deveríamos nos acostumar com isso. E começou a doer.

Em seguida, um outro perfil perguntou se a criança de oito anos conseguiria fazer uma conta de multiplicação. Carla Beatriz contou como foi a reação da família e disse que a filha chegou a ver as mensagens.

Uma outra conta também questionou a parte intelectual dela, que ela com certeza não saberia, uma conta de cinco vezes sete. Então isso começou a doer, começou a mexer. Comigo, eu acabei fazendo uma postagem indignada no meu status pessoal, e isso acabou ganhando uma proporção, a nossa rainha, a rainha Bianca Monteiro, chegou até a ela, ela fez um vídeo com a sua indignação, e daí isso foi se tornando público, infelizmente a minha filha também acabou lendo, porque ela tem acesso à rede social, e isso mexeu muito com a gente.

O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância como 'Preconceito de Raça e Cor' pela família que recebeu auxílio da advogada do caso e também passista da escola, Larissa Melo. A Portela também presta apoio jurídico.

A Polícia Civil disse que todos os envolvidos serão ouvidos, inclusive a autora dos comentários.  

Através das redes sociais, a Portela repudiou os insultos direcionados a passista mirim da agremiação. 

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