Economia

'Gerar confiança na economia do Brasil', especialistas listam desafios de Haddad

Lula indicou o ex-prefeito de São Paulo para o Ministério da Fazenda; político terá tarefa de ter ampla comunicação com o mercado

Por Luiza Lemos

'Gerar confiança na economia do Brasil', economistas falam de desafios de Haddad
'Gerar confiança na economia do Brasil', economistas falam de desafios de Haddad
REUTERS/Adriano Machado

Anunciado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (9) como futuro Ministro da Fazenda, Fernando Haddad tem desafios na área que cuida da política econômica nacional para os próximos quatro anos. O ex-prefeito de São Paulo será ministro da pasta que foi desmembrada do Ministério da Economia. 

Segundo Gustavo de Moraes, professor de economia da PUC do Rio Grande do Sul, Haddad tem três principais desafios no ministério. Deles, o principal é gerar confiança na economia brasileira e os outros serão consequências. “Uma vez que esse desafio é atingido, ele tem de gerar empregos e por fim, garantir que o orçamento cumpra o resgate social brasileiro, sem gerar déficits permanentes”, analisa. 

Leo Dutra, gestor financeiro e pós-graduado em Finanças pela PUC do Rio Grande do Sul e Mercado de Derivativos pela B3, concorda com Gustavo que o grande desafio de Haddad é trazer a confiança. “O mercado pode ver esse novo governo como ‘gastador’, mas ele já enfatizou a importância do arcabouço fiscal e relembrou a gestão da prefeitura de São Paulo”, analisa. 

O gestor pontua que Haddad precisa manter o teto de gastos e mostrar isso ao mercado, que já vem reagindo desde as sondagens sobre os possíveis nomes para o setor econômico. Na avaliação do cientista político Guilherme Carvalhido, essa desconfiança no nome de Haddad é antiga, mas pode se converter pelo trabalho moderado do petista.

"Ele se apresenta aos olhos do mercado como um nome desconhecido. No entanto, se nós olharmos a trajetória de Haddad, a gente verifica que ele faz parte da ala mais moderada do PT e que considera a negociação e a possibilidade de abrir horizontes, inclusive com a iniciativa privada, como a saída mais correta da política em uma sociedade", analisa.

Já Wagner Moraes, especialista em macroeconomia, analisa que Haddad também tem o desafio de ter disciplina fiscal e controlar gastos públicos. “Ele precisa passar credibilidade a parceiros internacionais para manter investimentos no país, controlar a inflação e manter o crescimento”, indica. 

Tiago Feitosa, analista em mercado financeiro da T2 educação, lista alguns motivos que comprovam que a escolha do ministro não é a mais aceita pelo mercado. Ele indica que a razão para o setor financeiro ficar receoso é o posicionamento do novo ministro. “A visão dele é mais alinhada ao Guido Mantega ao Henrique Meirelles, ambos trabalharam com o governo PT. A Bolsa de Valores não teve queda porque espera os posicionamentos dele de agora em diante”, pontua. 

Apesar disso, Feitosa pontua que, em um panorama geral, a escolha poderá ser positiva dependendo de como se dará o desmembramento do Ministério da Economia. “Vamos esperar para entender como serão conduzidos os ministérios, já que não se tem tanta informação sobre eles. A partir disso, é preciso entender que a política social é importante, mas não se pode abandonar a fiscal”, indica. 

Gustavo de Moraes indica que a escolha de Lula pode ser positiva ao Brasil caso repita a parceria entre Palocci e Meirelles entre 2003 e 2006, mas tudo depende da forma de comunicação de Haddad. “A interação com o mercado e comunicação detalhada e transparente, deverá ser mais frequente para uma gestão bem sucedida”, analisa. 

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