O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (27) que o pior da inflação no Brasil já passou. Será?
Realmente teve um pico ali em abril, depois a inflação foi subindo menos, desacelerando. Tem alguns alimentos os chamados in natura frutas, legumes, verduras, que tiveram reduções de preços depois dos problemas climáticos do início do ano.
E também teve o alívio na nossa conta de luz com a saída da bandeira escassez hídrica para a bandeira verde, quando deixamos de pagar uma tarifa extra, e pesada, de cerca de R$ 14 a cada cem quilowats, com as chuvas de verão que melhoraram a situação dos reservatórios das hidrelétricas, com custo de produção menor do que o das termelétricas, que geram energia a gás e óleo diesel.
No entanto, ainda é cedo para garantir que o pior momento da inflação ficou pra trás. O economista André Braz, especialista em inflação, e responsável pelos indicadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que ainda há muitas incertezas.
Tem a guerra na Ucrânia, conflito que ninguém sabe quando termina e com risco de envolver outros países. André também diz que o inverno na Europa vai pressionar ainda mais os preços do petróleo, com necessidade grande de gás principalmente e pouca oferta, o que tende a gerar um choque de preços.
A alta de juros nos Estados Unidos é outro fator de pressão na inflação, já que tende a valorizar o dólar no curto prazo. E a pandemia da covid-19 na China ainda não está segura a ponto de evitar novas restrições de produção e escoamento na região.
E ainda é ano de Eleições aqui no Brasil, tendendo a trazer pressão no dólar diante das incertezas. As medidas que o governo e o Congresso vem tomando podem aliviar a inflação no curto prazo, como a redução de impostos de combustíveis e energia e a PEC dos combustíveis, que deve incluir voucher para caminhoneiros e aumento do auxílio Brasil e vale gas.
Mas algumas medidas são ou tem chance de se tornarem permanentes, podendo faltar dinheiro para áreas básicas no ano que vem, gerando inflação e juros altos por mais tempo, prolongando um quadro de baixo crescimento