Relator do novo regime fiscal prevê votação no plenário da Câmara em uma semana

Projeto de lei proposto pela equipe econômica de Lula sofreu alterações que limitam os gastos públicos em caso do descumprimento de metas

Por Édrian Santos

Relator do novo regime fiscal prevê votação no plenário da Câmara em uma semana
Cláudio Cajado apresenta projeto do nono regime fiscal
Câmara dos Deputados

O relator do projeto de lei que institui o novo regime fiscal da União espera que a votação ocorra em uma semana, no dia 24 de maio. A urgência do texto deve ser apreciada na próxima quarta-feira (17), no plenário da Câmara. A informação foi confirmada pelo deputado Claudio Cajado (Progressistas), relator da proposta.

“A partir de hoje, até a semana que vem, todos estarão estudando o texto, avaliando os dados, para, na quarta-feira que vem, todos estarmos conscientes e amplamente do conhecimento do texto”, disse Cajado em entrevista coletiva nesta manhã.

Na última segunda-feira (15), Cajado se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas), e líderes partidários. Na sequência, anunciou a finalização do texto proposto pela equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Se aprovado, o projeto substituirá o atual teto de gastos.

Gatilhos contra gastos

O texto acertado na reunião de ontem com os líderes prevê o endurecimento das propostas do Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad (PT). O relator inseriu alguns gatilhos para conter os gastos em caso de descumprimento das metas da política econômica.

O aumento real do salário mínimo, ainda a ser votado no Congresso, e os pagamentos do Bolsa Família estão fora do alcance dos gatilhos. O PT, partido do presidente, era resistente aos dispositivos, mas precisou ceder depois que o próprio Lula pediu maior empenho da legenda com o projeto.

O não cumprimento das metas fiscais não será classificado como crime, mas poderá acarretar em penalidades.

Algumas sanções para o 1º ano de descumprimento

  • alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
  • criação ou majoração de auxílios, vantagens e benefícios de qualquer natureza;
  • criação de despesa obrigatória;
  • medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação, observada a manutenção do poder de compra;
  • criação ou expansão de programas e linhas de financiamento de dívidas que ampliem subsídios e subvenções;
  • concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária.

2º ano de descumprimento das metas

  • admissão ou contratação de pessoal, exceto para reposição de cargos vagos;
  • aumento e reajustes na despesa com pessoal, como aumento de salários;
  • realização de concurso público, exceto para reposição de cargos vagos.

“Lei moderna”

Na coletiva de imprensa, Cajado pontuou que o projeto se trata de uma lei moderna e contemporânea. Um dos pontos do projeto prevê a estabilização da dívida pública com o Produto Interno Bruto (PIB), além de os resultados primários compatíveis com as receitas e despesas primárias.

O governo tem pressa em aprovar o projeto, pois o novo regime fiscal é tido como essencial para a redução da taxa básica de juros, atualmente em 13,75%. Com a queda da Selic, o Planalto, economistas e parte do setor produtivo preveem aquecimento da economia.